terça-feira, 1 de novembro de 2016

A cura pela literatura

Imagem: Divulgação

Em “Farmácia literária”, livros são como remédios capazes de sarar qualquer problema. Autoras criaram serviço de biblioterapia na Inglaterra e obra, que já foi recomendada pelo colunista José Eduardo Agualusa, chega às livrarias pela Verus Editora.

E se a cura para a sua doença estiver bem longe de uma prateleira de farmácia? Esqueça os comprimidos e xaropes, a botica de Ella Berthoud e Susan Elderkin, autoras de “Farmácia literária”, está cheia de livros. Nesta bula literária, não há contraindicações e o prontuário médico não faz distinção entre dor física ou emocional. Seja qual for a sua necessidade, um livro (talvez dois, ou três) pode ser o elixir perfeito. Em casos de coração partido, por exemplo, Jane Eye, de Charlotte Brontë. Se o problema é medo de envelhecer, nada como O perfume de Jitterbug, de Tom Robbins para dar aquela receita da juventude. Se é preciso curar o mau humor, A ilha do dr. Moreau, de H.G. Wells, pode deixar tudo mais tranquilo. Para entender os hormônios da adolescência, a receita é a história de Holder Caulfield, protagonista do clássico O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger. Mas se o problema for o desemprego, “Crônica do pássaro da corda”, do romancista japonês Haruk Murakami, é capaz de trazer um ânimo extra.

De John Green a Tolstói, as autoras viajam através de dois mil anos de literatura para selecionar livros que inspirem, entretenham, provoquem felicidade, sanidade ou permitam identificação.. O livro, que teve os direitos vendidos para 15 países, foi citado pelo colunista José Eduardo Agualusa, no jornal O Globo.

“Doenças” ligadas à literatura não ficam de fora da obra. Os leitores vorazes poderão saber como prosseguir quando se recusam a desistir de uma história na metade. Há conselhos para os indecisos que não sabem qual obra ler nas férias ou ainda para quem tem compulsão em comprar livros.

Se a cura não for imediata, “Farmácia literária” promete reafirmar o poder da literatura em distrair a mente e transportar o leitor para outra perspectiva.  Para aqueles que forem se aventurar nos diagnósticos desta obra, um aviso: para um melhor resultado no final do tratamento, recomenda-se que os livros sejam lidos sem nenhuma moderação. Se persistirem os sintomas, passe para a indicação de livro seguinte.

“Farmácia literária” chega às livrarias em outubro com um conteúdo exclusivo. Diferente da edição original, a versão da Verus possui também indicações de títulos nacionais, inseridos na obra pela equipe da editora. Guimarães Rosa, Machado de Assis, Fernando Pessoa, entre outros, são altamente recomendados para alguns tratamentos. 

Ella Berthoud e Susan Elderkin se conheceram quando estudavam literatura inglesa na Universidade de Cambridge, onde começaram a trocar indicações de romances quando percebiam que a outra precisava de um incentivo. Mais tarde, Ella foi estudar belas-artes e se formou pintora e professora, enquanto mantinha sua dieta literária. Susan se tornou escritora de ficção e, em 2003, foi incluída pela Granta na lista dos vinte melhores jovens romancistas britânicos. Ela também ensina escrita criativa.

Em 2008, Ella e Susan montaram um serviço de biblioterapia na The School of Life, em Londres, e desde então prescrevem livros, virtual ou pessoalmente para pacientes no mundo todo. Embora hoje estejam separadas por um oceano – Ella em Sussex, Inglaterra e Susan em Connecticut, Estados Unidos – elas ainda indicam uma à outra curas literárias para se manter na linha e garantir que vivam a vida ao máximo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário