segunda-feira, 4 de julho de 2016

Record lança em julho livro inspirado na trajetória de jovem atleta que morreu ao tentar fugir da Somália

Imagem: Divulgação

Em “A pequena guerreira”, best-seller publicado em dezenas de países, o autor Giuseppe Catozzella descreve a vida de Samia em forma de diário
Por Sanny Bertoldo

Até onde alguém é capaz de ir por um sonho? Samia Yusuf Omar foi longe. Mas não o suficiente para conseguir realizá-lo. Aos 21 anos, ela morreu afogada no Mar Mediterrâneo quando tentava chegar à Itália em um barco clandestino. Como tantos outros, arriscou-se em uma travessia desumana para fugir da pobreza, da guerra e da perseguição religiosa em seu país de origem. Para a jovem atleta, nascida em Mogadíscio, na Somália, a Europa era o pote de ouro no fim do arco-íris, a única chance de disputar as Olimpíadas de Londres, em 2012.

Obstinada, Samia fez do atletismo seu objetivo de vida e, desde criança, tinha certeza de que seria uma campeã. Inspirada por Mo Farah – filho de pai britânico e mãe somali, ele conquistou o mundo ao se tornar campeão olímpico e mundial dos 5.000 e 10.000 metros –, cuja fotografia carregou até o fim da vida, como um amuleto, ela “determinou” que disputaria sua primeira Olimpíada antes dos 18 anos.

Contra todos os prognósticos, chegou lá. Aos 16 anos, disputou os 100 metros rasos no Campeonato Africano de Atletismo. Aos 17, integrou a seleção somali que participou dos Jogos de Pequim – 2008. Foi a última colocada nos 200 metros rasos, mas cruzou a linha de chegada aplaudida de pé pelo público que lotou o Ninho do Pássaro, protagonizando um dos momentos mais marcantes daquela Olimpíada.

É esta história que o italiano Giuseppe Catozzella conta no emocionante “A pequena guerreira”. Com a ajuda de Hodan, irmã de Samia que vive em Helsinque, na Finlândia, o autor conseguiu reconstituir a curta trajetória da mais jovem de seis irmãos, filhos de um vendedor de roupas e uma dona de casa.

Em primeira pessoa, como se fosse Samia escrevendo um diário, ele descortina a idolatria por Mo Farah, revela os treinos pelas ruas empoeiradas e esburacadas de Bondere, onde moravam, o amor ao amigo Ali, que a trairia um dia, a perda do pai, seu maior incentivador, a ascensão do grupo radical islâmico al Shabab, que tornou a vida dos somalis ainda mais complicada, até a difícil decisão de deixar seu país para tentar realizar o sonho de uma vida inteira.

Foto: Divulgação 

Giuseppe Catozzela escreve para La Repubblica, L’Espresso, Vanity Fair e para a edição italiana do Financial Times. É autor ainda dos romances Espianti e Alveare, adaptados para o cinema e o teatro. Com “A pequena guerreira”, ganhou o Prêmio Strega Giovani em 2014. O livro também vai ganhar versão cinematográfica.

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