O projeto de ocupação Decolonialidade:
poéticas da resistência se propõe, através do campo artístico e simbólico,
a fomentar o debate sobre a decolonialidade como resistência cultural considerando
sempre a intersecção das categorias sociais de raça, gênero, sexualidade e
classe na discussão. A abertura acontece no dia 4 de outubro, quarta-feira, às
19h, no teatro de Arena Eugênio Kusnet, Vila Buarque, SP, são cinco
companhias com apresentações até 12 de novembro, além de um laboratório de
Dramaturgia gratuito para mulheres cis e pessoas trans e os valores dos
ingressos custam de R$ 5 (moradores da região das regiões República, Vila
Buarque, Santa Cecília e Barra
Funda), R$ 10 meia-inteira e R$ 20 inteira.
“O Objetivo é trazer à luz as teorias advindas da
epistemologia e da genealogia feminista, principalmente aquela pensada pelas
mulheres não brancas,” afirma Natália Xavier, uma das idealizadoras. Além dos
cinco espetáculos que terão sempre uma sessão com interprete em libras, durante
os quase 40 dias de ocupação, todas às sextas-feiras, no período da tarde,
aconteceLaboratório de Dramaturgia para Mulheres Cis e Pessoas Trans.
Cinco espetáculos: Os
Famintos, da Fricção Coletiva; Sobre as Baleias, da Coletiva
Vulva da Vovó;Manuela, da Companhia
do Feijão; Labirinto Selvático, do Grupo
Rosas Periféricas e Em Caso de Emergência Quebre O Vidro, da Companhia
do Miolo . A ocupação abre dia 4 de outubro com a performanceXoxota da
Barbie da artista Edi
Cardoso e com a mesa-redonda La Mujer Selvagem: a criatividade
como resistência sob os cuidados da professora doutora Carla Cristina Garcia (PUC-SP), das atrizes Edi
Cardoso e Cleide Queiroz e da dramaturga Maria
Shu.
Todas às sextas-feiras à tarde (no total de seis
encontros), um Laboratório de dramaturgia para mulherescoordenado
por Maria Fernanda De Barros Batalha, pela Erica
Montanheiro e Natália Xavier. “A ideia é ser um espaço de troca, então
vale gente que já escreve há anos e gente que está começando a escrever agora”,
afirma Érica Montanheiro.
No campo ético, a escolha dos trabalhos artísticos
que compõem a ocupação faz parte de um ideal de produção cultural que se baseia
em pressupostos decoloniais, interseccionais e feministas. Não
necessariamente as peças possuem esses eixos políticos e filosóficos como
temática escancarada.
Muitas vezes esses eixos aparecem na
representatividade dos grupos. Sim: as latinas, as lésbicas, os negros, as
negras, a periferia, as mulheres produzem e, portanto também pensam teatro.
No campo estético, os espetáculos caminham por
linguagens variadas e trazem perspectivas criativas e plurais ao pensar uma
poética da resistência, escapando às fórmulas e às abstrações genéricas que
poderiam empobrecer o debate. A escolha das peças argumenta a favor do
reconhecimento da diferença entre aqueles que estão à margem, seja por questões
de classe, gênero, sexualidade, raça: porque pluralidade é desobediência
epistêmica!
Calendário de Atividades
Abertura, dia 4 de outubro, quarta-feira:
Às 19h30:
Na abertura da ocupação, antes da mesa redonda, a
artista Edi Cardoso da Companhia do Miolorealizará uma performance intitulada Xoxota
da Barbie. Com duração de aproximadamente 20 minutos, tem como tema a mutilação
genital e a cirurgia íntima, confrontando estas duas realidades, da padronização
do corpo por questões estéticas e das violências sofridas pelos corpos de
tantas outras mulheres.
Esta performance foi criada para a Mostra Todos os
Gêneros que ocorreu em junho passado, no Itaú Cultural.
*Essa atividade conta com interprete em libras
Às 20h:
A mesa redonda La Mujer Selvagem:
colonialidade e gênero na criação artística, pretende partir da dubiedade
da imagem da mulher selvagem, que, utilizada em função do discurso de
degeneração pelo sistema de colonização, é ressignificada pela psicanalista e
teórica de descendência mexicana Clarissa Pinkóla Estés no livro Mulheres que
Correm com os Lobos. Clarissa afirma que ao invés de fugir do selvagem
(entendido por ela como aquilo que não pode ser domado, e por isso, potência
criativa) devemos nos reaproximar dele.
Como essa ressignificação da imagem pode ser uma
forma de resistência e contribuir para a construção de um imaginário
não-hegemônico? Qual a relação entre a ressignificação criativa que Clarissa
realiza e o trabalho artístico das artistas presentes na mesa? A mesa é
gratuita e aberta ao público será mediada pela Professora Dra. Carla
Cristina Garcia (PUC-SP) e contará com as artistas Maria Shu (dramaturga), Edi
Cardoso e Cleide Queiroz (atrizes).
*Essa atividade conta com interprete em libras
Peças em cartaz durante a ocupação
Imagens: Divulgação
O espetáculo Os Famintos, da Fricção Coletiva, esteve em cartaz na Companhia do Feijão
durante o mês de abril de 2017. O projeto começou a se consolidar a partir da
dramaturgia criada durante o processo do Núcleo de Dramaturgia Sesi –
British Council com orientação de Marici Salomão e César Augusto em 2014.
O texto parte da questão de uma artista mulher em
crise criativa, mas ultrapassa a esfera do privado quando coloca em questão a
função da artista na atualidade ao mesmo tempo em que problematiza a
complexidade da relação com o outro na sociedade capitalista e neoliberal.
Questionando também a epistemologia eurocêntrica, a peça distorce o conceito de
antropofagia (que pelos olhos do colonizador são sempre algo selvagem e
inferior) e ainda faz com que a epifania almejada pela protagonista, seja
alcançada pelo corpo e não pela mente, como prevê o Iluminismo e o pensamento
cartesiano.
A Fricção Coletiva se forma a partir da vontade de
levar ao palco o texto Os Famintos, a pesquisa desenvolvida pelo grupo, é
baseada no conceito de fricção, isto é, o atrito causado entre diferentes
disparadores. O atrito, muitas vezes visto como algo a ser superado ou mesmo
evitado é visto pelo grupo como propulsor de potência cênica.
*Essa atividade conta com interprete em libras na
sessão dia 5 de outubro
*Dia 11 de outubro haverá sessão gratuita as 14:00
O espetáculo Sobre as Baleias, da Coletiva de Arte e Cultura Feminista Vulva da Vovó,
acompanha a história de Dona Maria, uma mulher negra e periférica, em busca de
seu filho desaparecido. O tema motor da peça é a luta das Mães de Maio, mulheres
periféricas e em sua maioria negras e não brancas, que perdem seus filhos
diariamente por conta da ação violenta da polícia militar nas favelas e zonas
periféricas.
A peça traça, ainda, um paralelo entre a luta das
Mães de Maio e das Madres e Abuelas de Mayo, que batalham até hoje para
reencontrar seus filhos e netos, desaparecidos durante o período da ditadura
militar na Argentina. A peça realizou temporadas no CITA Campo Limpo, no Centro
de Cidadania da Mulher no Grajaú em 2016 e na Oficina Cultural Oswald de
Andrade em 2017.
A Coletiva Vulva da Vovó, surge em 2014, da reunião
de poetas, cronistas, dramaturgas, letristas, musicistas e atrizes com o desejo
de estruturar um projeto coletivo que focasse na discussão de raça
interseccionada à discussão de gênero e classe. Nesse sentido, a Coletiva Vulva
da Vovó aprofunda alguns pontos do discurso feminista na prática teatral e de
intervenção cultural.
O grupo é organizado sobre bases que se pretendem
não hierárquicas, transversais, e com paridade racial e diversidade etária -
esses últimos pontos são desafios ainda em curso para a Vulva da Vovó. Além da
peça, também participamos de saraus com nossa produção literária e musical,
somos idealizadoras e produtoras do Festival Autônomo Feminista que esse ano
está em sua quarta edição, e atualmente estamos com um projeto editorial
de tradução de obras feministas latino-americanas em formatos acessíveis ao
grande público.
*Essa atividade conta com interprete em libras na
sessão dia 7 de outubro.
De 21 de outubro a 5 de novembro, sábados e
domingos às 20h :
A partir da maior lenda local e evento disparador
da cena, que é a explosão do complexo petroquímico, o espetáculo traz para o
palco as imaginações concedidas pelos moradores e moradoras em seus
depoimentos. Depoimentos informais, colhidos em dias de feira-livre.
Também aparecem os anseios dos artistas
criadores (as) em levar à cena suas próprias imaginações e experiências. No
processo de construção da peça o grupo utilizou como referências bibliográficas
histórias de luta de mulheres brasileiras, como Carolina Maria de Jesus, Luiza
Mahin, Dandara, Nise da Silveira e Nísia Floresta.
Também buscaram o apoio literário no “manual” de
Carlos Marighella, nas obras da norte-americana de ascendência mexicana
Clarissa Pinkola Estés e artigos e textos do vizinho uruguaio Eduardo Galeano,
além da discussão em torno de temas como a reforma agrária, a luta pela terra e
a organização das sociedades matriarcais. O grupo desenvolve suas pesquisas em
São Paulo desde 2008, no Parque São Rafael, e é composto por artistas e
educadores (as), que investigam linguagens cênicas ancoradas em processos de
criação colaborativa. Seus temas vêm do que ronda as periferias onde vivem; a
desigualdade social, o machismo, a feira livre e o tênis pendurado no fio
elétrico.
*Essa atividade conta com interprete em libras na
sessão do dia 21 de outubro
De 25 de outubro a 3 de novembro, quarta-feira a
sexta-feira, às 20h:
É do ponto de vista da máquina a narrativa da
história. É ela que conta quem foi esse brasileiro, através da poesia e da
correspondência do morador da Lopes Chaves e das suas reflexões de companheira.
“Quando Mário voltava para sua casa, após suas
viagens, ele sempre trazia muitas histórias, fosse do Nordeste que deu origem
ao Macunaíma, ou a viagem para o Rio de Janeiro, na qual ele faz a revisão
completa do movimento modernista” explica a atriz Vera Lamy que concebe a
personagem no texto e no palco. A intenção era criar uma figura feminina
que pudesse expressar a trajetória de Mário de Andrade.
O espetáculo conta com acompanhamento musical ao
vivo de Lincoln Antonio, que toca piano, zabumba e maracá na interpretação de
uma trilha sonora autoral, além de obras de Villa-Lobos e Ernesto Nazareth,
compositores brasileiros admirados por Mário. Manuela é o décimo-segundo
espetáculo da companhia e estreou no Sesc Ipiranga, em São Paulo, em 11 de
setembro de 2015. Foi encenada em duas Casas de Cultura, de São Miguel Paulista
e do Campo Limpo, na Oficina Cultural Mário de Andrade e ganhou o prêmio APCA
de melhor dramaturgia.
A Cia do Feijão é
um grupo teatral estabelecido em São Paulo desde 1998, que investiga e
desenvolve linguagens cênicas ancoradas no trabalho do ator e em processos de
criação em equipe. Seus temas vêm da diversidade de realidades brasileiras que
nos formam, conformam e deformam. O grupo defende o teatro como um fundamental
bem formador da cidadania cultural do país. Os espetáculos Cia do Feijão
colecionam importantes prêmios nacionais, participações nos principais
festivais brasileiros, além de apresentações e oficinas na maioria das regiões
do país.
*Essa atividade conta com interprete em libras na
sessão do dia 25 de outubro
*Dia 25 haverá sessão gratuita as 14:000
De 8 a 12 de novembro, de quarta-feira a
domingo, as 20h:
E do fluxo vivo deste espaço, sob o sol, entre o
embate e o acolhimento, a peça foi ganhando esqueleto. O espetáculo foi
concebido em 2014 e estreou no centro da cidade, em frente ao metrô Anhagabaú.
O grupo, apesar de ter uma forte trajetória de
teatro rua, adaptará o espetáculo ao Teatro de Arena, já que este é um
importante espaço de resistência e culmina assim com os pressupostos da
Companhia. A Cia do Miolo nasce no ano 2000 de uma pesquisa
sobre o teatro popular. Da relação com o público e o espaço da rua, emergiu a
necessidade de aprofundar um treinamento e uma pesquisa de linguagem
corporal que pudesse dialogar com estes espaços urbanos.
Em 2004, a companhia intensifica a pesquisa sobre
as possibilidades expressivas do corpo na rua, desenvolvendo uma sistemática de
treinamentos voltados para lapidar o corpo como material expressivo elementar
do encontro teatral, desde então a Cia vem se aprofundando nessa pesquisa, num
processo vivo, sempre dialogando com as questões políticas, sociais, econômicas
de seu tempo e sua realidade.
*Essa atividade conta com interprete em libras na
sessão do dia 8 de novembro
Atividade Continuada
De 6 de outubro a 10 de novembro, todas as
sextas-feiras, das 14h as 17h:
Laboratório de dramaturgia para mulheres cis e
pessoas trans acontecerá em 6 encontros às sextas-feiras, a tarde (com
duração de 3 horas cada), gratuito, com as dramaturgas Natália
Xavier, Maria Fernanda Batalha e Erica Montanheiro. O objetivo da oficina é
possibilitar um ambiente de aprendizado e troca no que concerne à escrita
dramatúrgica realizada por mulheres cis, pessoas trans, e as especificidades
(decorrentes das experiências culturais e sociais) que vem embutida nesse
processo.
São apenas 15 vagas e as inscrições deve ser feitas
até 27 de outubro, através do e-mail:nsxnataliaxavier@gmail.com.
A intenção é que, ao final da oficina, cada
participante tenha produzido uma peça teatral curta ou uma cena teatral, mesmo
que inacabadas. Os encontros acontecerão uma vez por semana e neles
intercalaremos a leitura e a discussão de textos dramatúrgicos e teóricos,
exercícios de escrita com temas estabelecidos pelas oficineiras, bem como a
leitura coletiva e roda de discussão dos textos dramatúrgicos que estarão sendo
produzidos pelos aprendizes, de modo a, não apenas incentivar a produção
escrita, mas também aguçar o olhar crítico sobre obras dramatúrgicas e entender
o que é ser um artista mulher\trans e quais as suas implicações estéticas,
poéticas e políticas.
Serviço:
Ocupação Decolonialidade: Poética da Resistência
no Teatro de Arena
Data de 4 de outubro a 12 de novembro de 2017
No dia 4 de outubro abertura com mesa redonda e
performance. Grátis
Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Endereço: Rua
Dr. Teodoro Baima, 98 - República, São Paulo – SP
Capacidade: 90 lugares
Telefone: (11) 3259-6409
Classificação: Sobre as Baleias, Manuela e
Labirinto Selvático: livre
Os Famintos e Em Caso de Emergência Quebre o Vidro:
14 anos
Preços: R$ 5 (para moradores do entorno do
Teatro - República, Vila Buarque, Santa Cecília e Barra Funda) a R$
20
Link do evento: https://www.facebook.com/events/1937151976552521/
Compra de ingresso: Na bilheteria que é aberta
uma hora antes do evento e pagamento em dinheiro.
De 6 de outubro a 10 de novembro, todas as
sextas-feiras, das 14h as 17h, Laboratório de Dramaturgia para Mulheres cis e
pessoas trans, grátis – 15 vagas, inscrições até 27 de outubro, pelo e-mail: nsxnataliaxavier@gmail.com
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