quinta-feira, 30 de junho de 2016

Record lança continuação de clássico da ficção científica escrito por Arthur C. Clarke

Foto: Divulgação

Em “As crônicas de medusa”, Alastair Reynolds e Stephen Baxter retomam a saga do ciborgue Howard Falcon

Na década de 70, o escritor Arthur C. Clarke – autor do clássico “2001 – Uma odisseia no espaço” e um dos maiores nomes da literatura de ficção científica – publicou um de seus contos mais celebrados. Em “Encontro com medusa”, ele narra as aventuras de Howard Falcon, o capitão de uma aeronave que sofre um terrível acidente e, para sobreviver, é transformado num ciborgue. O texto descreve a viagem fantástica de Falcon por Júpiter, por volta de década de 2090, e seu encontro com a misteriosa medusa.

Agora, pouco mais de 40 anos depois, os autores Alastair Reynolds e Stephen Baxter resolveram dar continuidade à história de Falcon. Com a autorização dos herdeiros de Clarke, escreveram “As crônicas de medusa”, que chega às livrarias pela Record em julho.

A história começa no réveillon de 2100, quando um navio de cruzeiro cheio de autoridades e líderes mundiais sofre um atentado. A única chance de sobrevivência é desacoplar a bomba que não estourou do casco do navio – mas nenhum humano tem condições físicas de fazê-lo, nem mesmo Falcon. Um pequeno robô que servia bebidas se prontifica para o trabalho e salva o dia. A iniciativa desperta um novo olhar dos seres humanos para as máquinas: com um pouco mais de autonomia, elas podem ser bastante úteis.
Nos anos seguintes, os robôs vão ganhando cada vez mais independência, e um grupo é enviado para extrair minerais do Cinturão de Kuiper – local remoto da galáxia onde humanos não conseguem chegar. Primeiro ciborgue de que se tem notícia, Falcon vive em conflito entre sua essência humana e o pragmatismo de máquina – ele é, portanto, a principal ponte entre os dois universos. Por muito tempo ele treina Adam, o robô mais autônomo, que supervisiona o trabalho em Kuiper.

Mas quando um acidente acontece na usina e várias máquinas são destruídas, algo muda em Adam. Ele não consegue salvar os colegas uma vez que o protocolo de segurança só é autorizado caso vidas humanas estejam em perigo. Experimentando sentimentos de culpa e arrependimento, ele desenvolve algo muito parecido com uma consciência – situação que não foi prevista pelos humanos. O evento é o início de uma relação bastante conturbada entre homens e máquinas, que vai se estender por alguns séculos e terá Falcon como personagem decisivo.  


TRECHO:

“O que estava acontecendo com Adam? Kedar e sua equipe insistiam que não era sua intenção que as máquinas adquirissem consciência, que o ego era uma complicação desnecessária em um artefato industrial. Por outro lado, como era possível que um robô sentisse culpa e arrependimento, como Adam parecida fazer naquele momento, sem algum tipo de consciência?
– Não sei porque isso o incomoda – respondeu Falcon, enfim –, mas acredito que se deva às circunstâncias em que você foi colocado pelos acontecimentos. Uma coisa horrível aconteceu, e você se viu em uma posição intolerável... era uma rodada perdida, como diria Geoff Webster.
– Webster?
– Um velho amigo. Ele morreu há muito tempo.
(...)
Adam refletiu um pouco.
– Você pensa muito em Webster, Falcon? Você lembra como ele era? Vê o rosto dele na sua memória?
Falcon sentiu uma pontada de tristeza.
– De vez em quando.
– Eu penso nas máquinas que foram perdidas. Falcon, a morte não é o destino final das máquinas. Somos potencialmente imortais. E, ainda assim, a morte chegou a este lugar. Tento simular a experiência daquelas máquinas no momento do acidente, quando perceberam que deixariam de existir. Tento emular os processadores dessas máquinas nos instantes antes do fim.”


Alastair Reynolds estudou astronomia e astrofísica, e trabalhou na Agência Espacial Europeia até 2004, quando passou a se dedicar exclusivamente aos livros. Venceu o British Science Fiction Award e foi indicado três vezes para o Arthur C. Clarke Award. Stephen Baxter foi professor de matemática, física e tecnologia antes de ser escritor. Foi vice-presidente da H.G.Wells Society até 2006. É coautor da série “A Time Odissey” ao lado de Arthur C. Clarke, e da série “The Long Earth”, com Terry Pratchett.

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