quinta-feira, 8 de outubro de 2015

"IMAGEM PARA OUVIR, MÚSICA PARA VER", REÚNE FOTÓGRAFOS E MÚSICOS NO RECIFE



Foto: Divulgação

Na sexta (16/10), será  lançado no Recife o livro-CD da Orquestra Pernambucana de Fotografia, projeto liderado pelo fotógrafo Gilvan Barreto que reúne artistas visuais, músicos e os produtores musicais Pupillo e Berna Vieira na construção de um diálogo entre música e imagens. O lançamento acontece às 20h no Capibaribe Centro de Imagem (r. da Aurora, 533, Boa Vista). 

Participam do projeto os artistas Gilvan Barreto, Fabio Trummer, Beto Figueiroa, Juliano de Holanda, Ana Farache, Isaar, Ricardo Labastier, Junio Barreto, Jorge du Peixe (Afrobomba), Priscila Burh, Karina Burh, Rodrigo Braga, Otto, Gabriel Mascaro, Lira, Barbara Wagner & Benjamin de Burca e a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério. 

Imagem para ouvir, música para ver
‘Regida’ pelo artista Gilvan Barreto, a Orquestra Pernambucana de Fotografia reúne fotógrafos e músicos em projeto pioneiro que será lançado no Recife na sexta (16/10)

Foto: Divulgação

Um concerto de sons e imagens, nascido do sonho e da teimosia do artista visual Gilvan Barreto. Assim surgiu a Orquestra Pernambucana de Fotografia (OPEF), projeto que reúne músicos e fotógrafos em diálogo livre entre som e imagem. Na sexta (16/10), o livro-cd da orquestra (ed. Tempo D’Imagem e Jaraguá Produções) é lançada no CCI - Capibaribe Centro de Imagem (r. da Aurora, 533, Boa Vista, Recife), em evento aberto ao público a partir das 20h. O projeto tem incentivo do Funcultura.

O sonho de Gilvan tem suas origens no Manguebeat, movimento que sacudiu o Recife na década de 90 e ganhou projeção no Brasil e no mundo. “Há cerca de 20 anos, Recife, a Manguetown, ferveu com parabólicas fincadas na lama. Fotógrafo profissional, vivendo na cidade, tentei registrar o máximo que pude de tudo que ouvia e sentia daquela cena. Queria mais”, conta.

Na orquestra-estuário inventada por Gilvan, sons e imagens se fundem em braço de rio para desaguar em vazante universal. Em duplas formadas por músicos e artistas visuais, brota um arsenal de obras inéditas. A imagem é o estímulo à criação musical, com os artistas convidados escolhendo livremente a temática dos ensaios fotográficos. A resposta às imagens é dada nas músicas.

Jorge Du Peixe se depara com a fotografia de Pio Figueiroa e, com os Afrobambas, compõe sobre o escuro. Para o trabalho Corpo Duro do artista visual Rodrigo Braga, Otto escreve Pode Falar Cowboy. As irmãs Priscila e Karina Buhr geram Rimã.  Bárbara Wagner recorre ao vídeo para fazer Faz que Vai, uma releitura criativa do frevo ao som da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério. Ao todo, a OPEF envolve 20 participantes, entre eles os produtores musicais Berna Vieira e Pupillo.

Foto: Divulgação

Sobre o ‘regente’

Gilvan Barreto é pernambucano e mora no Rio há nove anos. Seu trabalho foca em questões políticas, sociais e na relação do homem com a natureza. Sua fotografia é influenciada pelo cinema e literatura. Em 2014, venceu o Prêmio Brasil de Fotografia, Prêmio Marc Ferrez (Funarte), Prêmio Conrado Wessel de Arte e fez parte do Rumos Itaú Cultural com o projeto Orquestra Brasileira de Fotografia. Tem três livros publicados: Sobremarinhos (independente, 2015), O Livro do Sol (Tempo D’Imagem 2013) e Moscouzinho (Tempo D’Imagem, 2012). 



SERVIÇO:
Lançamento da Orquestra Pernambucana de Fotografia
Quando: 16/10 (sexta-feira) às 20h
Onde: CCI - Capibaribe Centro de Imagem (r. da Aurora, 533, Boa Vista, Recife)
Informações: (81) 3032-2500


ENTREVISTAS E IMAGENS 
Tatiana Diniz
Assessoria de Imprensa/PR
55 11 38059413 e 55 11 953839717

Foto: Divulgação



SOBRE O ARTISTAS PARTICIPANTES:
Beto Figueiroa,com 20 anos de trajetória no fotojornalismo, conquistou prêmios como o Vladimir Herzog e Cristina Tavares.

Juliano Holandaatua há mais de 20 anos no cenário musical. Membro da Orquestra Contemporânea de Olinda, tem composições gravadas por outros artistas, participou de mais de 50 álbuns e, em 2013, lançou o primeiro trabalho solo.

Rodrigo Braga é artista visual. Participou da 30ª Bienal Internacional de São Paulo (2012). Recebeu os prêmios Marcantonio Vilaça – Funarte/MinC (2009); Marc Ferrez de Fotografia (2010) e  MASP Talento Emergente (2013). Possui obras em acervos como MAM-SP e Maison Européene de La Photographie - Paris.

Otto foi percussionista da primeira formação da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A. Desde 1998 está em carreira solo. Em 2012 lançou o sexto CD.

Ricardo Labastier é fotógrafo, selecionado nos festivais PhotoEspanã, em Madri, e Noordelicht, na Holanda. Faz parte da Coleção Pirelli/Masp de Fotografia Brasileira (2009), MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (2010) e venceu o prêmio Marc Ferrez de Fotografia, em 2013. 

Junio Barreto,com dois trabalhos solo lançados, chegou ao público depois dos 40 anos e não tem pressa. Chamou a atenção de diversos artistas da MPB e mantém a produção com a mesma suavidade que canta suas músicas.

Priscila Buhr é a mais jovem da Orquestra. Formada em jornalismo, desde o início da carreira flerta com as artes visuais. Atualmente é fotógrafa da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Karina Buhr atua desde 1992 na cena pernambucana. Cantora, compositora, escritora, ilustradora, participou e cantou com diversos nomes e grupos. Em 2000 entrou para o Teatro Oficina. Em 2010 deu início à carreira solo, que segue com crescente êxito.

Pio Figueiroa se pauta pelo repertório do fotojornalismo e se expressa no campo da arte. É editor da revista Sueño de laRazón e editor do blog Icônica.

Gilvan Barreto com a produção fotográfica reflete sobre questões políticas, sociais e a relação do homem com a natureza. Venceu o Prêmio Brasil de Fotografia, Prêmio Marc Ferrez (Funarte) e o Prêmio Conrado Wessel de Arte, em 2014.  Publicou os livros Sobremarinhos (2015), O Livro do Sol (2013) e Moscouzinho (2012).

Jorge Du Peixe é compositor, produtor e cantor. Integra o grupo Nação Zumbi desde o início dos anos 1990. Também toca outros projetos como  Los Sebosos Postizos, com os parceiros da Nação Zumbi, interpretando Jorge Benjor, e Afrombombas, cuja sonoridade caracteriza a faixa que criou para a OPEF.

Fabio Trummer é cantor, compositor, guitarrista e produtor musical. Há 25 anos, lidera a banda Eddie e há dois conduz o Super Sub America, projeto solo.

Gabriel Mascaro pesquisa a negociação do poder em suas mais diversas manifestações com produção de cinema e artes visuais. Participou de mostras na 31º Bienal de São Paulo, The GuggenheiemMuseumandFoudantion e outros, assim como festivais internacionais de cinema.

Lira é José Paes de Lira, cantor e compositor, esteve à frente do Cordel do Fogo Encantado, entre 1999 e 2007, ressignificando a tradição do cordel e a lírica sertaneja no universo pop. Une à música teatro e poesia. Na carreira solo, possui dois CDs gravados.

Bárbara Wagner tem prática fotográfica centrada na pesquisa e representação do corpo popular a partir de manifestações históricas e estratégias de visibilidade e subversão na cena cultural contemporânea. Publicou livros e circuloucom obras em mostras no Brasil, Europa e África, que também integram importantes coleções. O trabalho da Orquestra foi desenvolvido com Benjamin de Burca, artista visual e fotógrafo.

A Orquestra Popular da Bomba do Hemetériofoi idealizada pelo trompetista, compositor e arranjador Maestro Forró, em 2002 com a intenção de pesquisar, manter e reler as expressões musicais pernambucanas. Possuem dois CDs gravados.

Ana Farache é jornalista, fotógrafa, jardinista, cuidadora de cães e doutora em comunicação, com tese sobre fotografia e contemplação no contemporâneo.

Isaaré cantora, compositora, instrumentista e uma diva na cena musical pernambucana contemporânea. Transitou por grupos e projetos, gravou com diversos artistas. Na carreira solo, possui 3 CDs.

Ave Sangria foi uma banda pernambucana que nos anos 1970 alimentou o rock psicodélico brasileiro e deixou uma história de lendas e dois discos.

Bernardo Vieira é músico e produtor fonográfico. Formado em design, trabalha desde 1990 na produção musical da cena recifense, estando ao lado dos diversos grupos e artistas que surgiram na cidade, dessa época, até hoje.

Pupillo é Romário Menezes de Oliveira Jr., baterista e percussionista da Nação Zumbi e um dos produtores mais requisitados do país.

Ópera de improvisos e sons de celebração

A história do sonho e da teimosia que geraram um concerto de sons e imagens

A Orquestra Pernambucana de Fotografia (OPEF) nasceu da minha admiração pela música pernambucana. Há cerca de 20 anos, Recife, a Manguetown, ferveu com parabólicas fincadas na lama. Fotógrafo profissional, vivendo na cidade, tentei registrar o máximo que pude de tudo que ouvia e sentia daquela cena.

Aliás, quantos fotógrafos da minha geração não fizeram o mesmo? Era nossa sina e prazer. Capas de CDs, fotos de divulgação, registros de shows. Queria mais.Anos depois, ainda sonhavapoder gritar com propriedade: “eu também vim com a Nação Zumbi aos seu ouvido (e olhos) falar”. Aqui estamos. A OPEF, composta por artistas da música e das imagens de Pernambuco.

É uma ópera de improvisosregida pela liberdade de criação e que tem som de celebração de encontros.Uma orquestra-estuário. Sons e imagens que se fundemem braço de rio para desaguar em vazante universal.Orquestra de olhares diversose sons multicoloridos. Fração possível de uma ideia infinita. Sim, sem fim, porque esta é obra de um esforço coletivo e por isso agradeço ao empenho de cada pessoa envolvida nesse sonho. Se não existisse uma limitação de recursos, quantos artistas visuais e músicos também não estariam integrando essa orquestra?

“A tecnologia do povo é a vontade”, como disseram Pixel 3000 e Dr. Charles Zambohead, codinomes de Jorge Dupeixe e Chico Science, em “Antromangue/Brasília”, gravada no álbum Rádio S.Amb.A.(2000).Na luz dura da cidademaltratada, quanto mais se reprime, mais se gera barulho. Amplificam-se sonhos e lamentos, crítica e lírica. Quanto mais espigões espelhados, mais ecoam palavras eritmadas imagens.


Faíscas para as músicas - Como quem introduz um desafio de cantadores,que tem por base o respeito mútuo, apresentamos a Orquestra Pernambucana de Fotografia. Os artistas convidados escolheramlivrementea temática dos ensaios fotográficos. O primeiro passo do processo. A resposta às imagens vieram nas músicas. Os compositores, por sua vez, não tinhamcompromisso de combinar ou ser regidos pelas fotografias. As imagens eram faíscas para a criação musical.

Os produtores musicais Pupillo e Bernardo Vieira, meus guias pela música pernambucana, entraram para fechar as duplas defotógrafos e músicos. Ambos trazem, em comum, a bateria como instrumento de origem.

Bernardo, amigo de infância, no ginásio me forneceu com generosidade fitas cassetes de artistas que ouço até hoje. Foi baterista das bandas Eddie e Bonsucesso Samba Clube, e produtor dediversos CDs. Pupilo, baterista canhoto, de estilo único, foi o primeiro que vi transitar ignorando fronteiras entre afrobeats recifenses e internacionais.  É também um dos produtores mais respeitados do país.

O trabalho de montagem das duplas foi cuidadoso. Misturando intuição e razão, convidamos músicos de acordo com o que as imagens pediam. Não é uma seleção feita apenas pela excelência, são combinações possíveis, mediadas pelas relações imaginadas entre imagem, verso e som, e a parceria entre os artistas.Harmonia delicada e subjetiva que vai além da precisão das câmeras e dos instrumentos musicais. A OPEF nos convida a enxergar músicas como imagens e experimentar uma fotografia que não é tão silenciosa assim.

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