Imagem: Divulgação
Keith Stuart virá ao Brasil em dezembro para falar
sobre o assunto na Comic Con Experience
No texto “A verdadeira história por trás de ‘O
menino feito de blocos’”, Keith conta como a experiência de sua família
inspirou a trama. Leia no Blog da Record: bit.ly/KeithStuart
O autor participa da mesa "Games como conexão
com mentes especiais”, no dia 3 de dezembro, às 15h30, na Comic Con Experience.
O jornalista britânico Keith Stuart é editor de
games do jornal The Guardian e, portanto, acostumado a ter uma série de jogos e
consoles espalhados pela casa. Zac, o filho de Keith, é autista. Aos 6 anos,
ele descobriu o Minecraft, e a relação do menino com o jogo foi uma revelação
para a família: a nova experiência o ajudou a se expressar e, principalmente,
fez com que os pais entendessem melhor quem ele era. A história da vida real é
a inspiração para o romance “O menino feito de blocos”, que chega às
livrarias pela Record no fim de novembro.
Na trama, Keith conta a história de Alex, um homem
que incorpora perfeitamente o sentimento de “estar perdido”. Casado há 10 anos
com Jody, ele é o pai de Sam, um menino autista de 8 anos. Alex nunca soube
lidar com o filho. Para se afastar de todo o choro, dos ataques de fúria e das
reações inexplicáveis, se afundou num trabalho burocrático do qual nem gosta. Sua
ausência deixa o casamento por um fio, e Jody decide que os dois precisam de
uma “separação experimental”. Não ajuda muito o fato de Alex ainda guardar um
trauma de infância: a morte de seu irmão mais velho, George, quando eram
crianças.
Agora, Alex está vivendo no colchão inflável do
melhor amigo e precisa dar um jeito de se reerguer. E, ele logo percebe, grande
parte disso passa por conhecer de verdade o próprio filho. Um dia, por acaso,
os dois começam a jogar Minecraft. O jogo é uma espécie de Lego mais
elaborado e online, onde é possível construir mundos com blocos feitos de
materiais diversos. Naquele ambiente, Sam se ilumina e se expressa como nunca
fez antes. Ali, no “Mundo do Sam e do Papai”, como eles batizam sua criação,
eles vão trabalhar juntos e se conectar de uma forma que acaba influenciando
também a vida real, para além do virtual.
Keith narra com sensibilidade a jornada de Alex, um
personagem que reflete de forma muito verdadeira algumas das angústias comuns
aos adultos contemporâneos. Sua experiência também permite uma sinceridade
tocante ao falar sobre as dificuldades de lidar com uma criança com autismo, e
as delícias de conseguir criar uma relação verdadeira com os filhos.
O autor virá ao Brasil para participar da Comic
Con Experience. No sábado, dia 3 de dezembro, às 15h30, ele estará na mesa "Games
como conexão com mentes especiais”. Keith vai conversar com o apresentador
Marcos Mion (que também tem um filho autista) e com o quadrinista Flavio
Soares, que escreve uma história em quadrinhos sobre sua relação com o filho
que tem síndrome de Down.
TRECHOS:
“Enquanto trabalhamos, me dou conta de uma coisa.
Em geral, quando brincamos juntos – nos preciosos momentos em que ele está
disposto a se concentrar –, o que experimentamos é uma solidão compartilhada:
ou eu observo, ou o guio, ou me preocupo com ele. Ou, quando brincamos com
blocos de montar ou de LEGO, eu faço alguma coisa com a qual ele brinca por
alguns minutos ou simplesmente a destrói. Mas aqui, por algumas horas, estamos
trabalhando como se fôssemos um só – bem, contanto que eu faça o que tenho de fazer.
Mas esse é outro ponto positivo. Nesse universo, onde as regras são precisas,
onde a lógica é clara e infalível, Sam está no controle.”
“Típico da Jody – ela sempre conseguiu explicar o
mundo para o Sam, converter as experiências dele em uma linguagem que ele
utiliza e entende. Isso é algo que vivo esquecendo – que, de várias maneiras,
ele é um turista no nosso mundo, um viajante desorientado sem noção das
peculiaridades e dos costumes do lugar. Ela é o Google Tradutor dele. Enquanto
eu paraliso, recuo e me retiro, Jody o pega pela mão e o guia. Eu sou um merda.
Tenho que parar de ser um merda.”
Keith Stuart é editor de games do jornal
britânico The Guardian e escreve sobre o assunto desde 1995. Ele recebeu enorme
retorno, de diversos pais com experiências semelhantes, depois de contar sobre
sua dinâmica com o filho autista no jornal. A repercussão acabou rendendo um
convite da editora inglesa para que escrevesse “O menino feito de blocos”
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