Imagem: Divulgação
Autor de “Parafilias”, livro finalista do prêmio Jabuti e semifinalista
do Oceanos, ele segue mostrando domínio das técnicas narrativas
Alexandre Marques Rodrigues estreou na literatura com “Parafilias”,
vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2014 na categoria contos. Foi um
começo arrebatador: o livro impressionou críticos e escritores, colecionou
resenhas elogiosas e esteve nas listas de alguns dos principais prêmios do país:
foi finalista do Jabuti e semifinalista do Oceanos.
Agora, o autor faz sua primeira incursão no
romance. “Entropia” chega às livrarias pela Record em julho cercado
de expectativas. E as alcança: Alexandre mostra mais uma vez o pleno domínio
das técnicas narrativas e leva a outro nível a investigação de temas caros à
sua escrita, como o corpo, o sexo, o silêncio, o desencanto.
O enredo costura um jogo de identidades entre vários personagens, que
perturba e aguça a curiosidade do leitor. Em três tramas paralelas, Alexandre
nos apresenta um homem que vai atrás do túmulo da mãe, outro que enfrenta
problemas graves no trabalho e um casal de amantes. Em comum estão suas
histórias mal resolvidas, repletas de frustração. Para narrá-las, o escritor
lançou mão de um ritmo bem próprio:
“A leitura é uma preocupação que tenho quando escrevo, a forma como o
leitor avançará pelo livro. O ritmo, o andamento, o tamanho dos capítulos, a
estruturação dos parágrafos são componentes que o escritor tem nas mãos para
conduzir, ou pelo menos para envolver o leitor. Em “Entropia” optei por
trabalhar os parágrafos de uma forma não muito tradicional, o que pode causar
inicialmente algum estranhamento ao leitor. Fiz uso também de notas de rodapé,
que desenvolvem a narrativa fora do corpo principal do texto. Acredito que, com
isso, consegui dar ao texto o ritmo que desejava”, conta Alexandre.
TRECHO:
“era verdade, tinham um quarto de hotel, um final de semana inteiro,
sozinhos, mesmo Roberto sendo casado: podiam acertar as desproporções entre o
volume dele e tamanho dela mais tarde, quando tivessem descansado da
viagem. Mas ela disse, Constantina, ela disse Não. O cavalheirismo de Roberto
sobrou desprezado, sua virilidade foi instada a comparecer em toda a rigidez, a
despeito de qualquer cansaço. Porque ela disse Não, e depois disse Eu quero,
disse Enfia com mais força. É claro, Roberto enfiou: se pôs por
Constantina adentro: foi, forçou, tomou: entrou. Antes, ele ainda disse,
apegado a sua fantasia de cavalheiro, ele disse Não deixa eu machucar você;
falou isso e se impôs em Constantina. Ela sabia: era pura retórica, Roberto
encenava, ela fingia que não, mas ele encenava seu papel; porque é evidente que
a machucaria, a machucou, e ela deixou. Roberto forçou o pau para dentro dela,
ela disse Ai, gritou Ai, e ele continuou, seguiu;”
Leia a entrevista com o autor no Blog da Record.
Alexandre Marques Rodrigues nasceu em 1979 em Santos litoral de
São Paulo. É formado em psicologia pela Universidade Católica de Santos.
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