Imagem: Divulgação
O músico paulista Guilherme
Vazquez, apresenta uma poesia forte e inovadora em seu livro de estreia: Eron
Nicodemus
“Poesia não é natural, poesia é
trabalho, inscrevendo-se no conjunto de construções humanas que compõem a
cultura.”
Ser poeta no século XXI é um
grande desafio. É mais que decretar a poesia viva, é descobrir a sua vitalidade
sem renunciar à história e à cultura. Atualmente, a única poesia que chega aos
brasileiros todos os dias, é a que está no jornal, anunciando muitas vezes
algum tipo de tragédia. O jovem músico e escritor Guilherme Vazquez quebra esse
paradigma de que não existem novos grandes poetas – especialmente no mercado
brasileiro. Depois de um trabalho que durou mais de dois anos, ele publicou seu
primeiro livro de poesia intitulado Eron Nicodemus.
Tendo a mãe como grande
incentivadora na leitura, desde pequeno Guilherme encontrou nos livros uma
fonte de inspiração, conforme o tempo foi passando a literatura foi tomando um
lugar distinto das outras coisas, comenta o autorde 28 anos.Com uma certa
escassez de livros de poesia no cenário nacional,Eron Nicodemus chega para
garantir o seu lugar na prateleira não só dos apreciadores da poesia, mas
também, para conquistar quem gosta de imergir numa boa história.
Tendo Eron Nicodemus como
personagem principal, o livro fala sobre o amor e tudo o que o engloba:
“o amor? é um qualquer coisa que
se sente
mas existe”
Guilherme possui uma escrita
envolvente! Ao longo de quatro capítulos, ele transmite a dor, os dilemas e
dúvidas que envolvem um ser apaixonado. É um texto forte que leva o leitor a
refletir sobre os os próprios sentimentos, e em diversos momentos a analisar
também, o ser humano na sociedade atual. Diferente de versos curtos que rimam e
são usados como frases de efeito no dia a dia, a obra apresenta uma composição
muito mais profunda, adulta. O livro é capaz de mostrar uma poesia pura e ao
mesmo tempo real, em que qualquer outra pessoa poderia se imaginar.
Este livro eleva a poesia abitual
que em sua maioria, mostra o amo como algo colorido e romântico. O autor
explora um outro lado, mais brutal, o amor que faz sofrer e até mesmo o que não
é correspondido ou se quer compreendido. A ideia de fazer o livro surgiu quando
compreendi que a minha poesia já podia ser mostrada a todos e não somente aos
amigos, que ela já tinha certas qualidades estéticas que a possibilitariam
atingir o ‘outro’ como arte, explica Guilherme Vazquez.
Com apresentação de Regina
Machado e prefácio de Mario Conte, Eron Nicodemus ainda conta com belíssimas
ilustrações do artista plástico João Pirolla. Ele dá vida aos personagens e à
cenas narradas no livro, o que possibilita ao leitor, imergir cada vez mais
nessa obra tocante e única.
“Era assim que Eron se sentia,
sendo o amor o canal com as coisas que existem, sem o amor o homem mesmo não
é.”
SOBRE O AUTOR
Guilherme Vazquez é
paulista, formado em física pelo Instituto de Física da USP (IFUSP) e
atualmente estuda Música/Canto Popular na Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP. Desde muito jovem atuou intensamente no campos das
artes, principalmente na música e no teatro, tendo trabalhado com grandes nomes
como Deto Montenegro. Eron Nicodemus é sua primeira obra
publicada.
Página do livro:https://www.facebook.com/eronnicodemus/?fref=ts
Página do autor: https://www.facebook.com/guilhermevazquezfanpage/?fref=ts
Confira abaixo uma entrevista com
o autor Guilherme Vazquez
Como surgiu a ideia de escrever
um livro?
Guilherme Vazquez: O livro surgiu
como necessidade mais do que como ideia. A necessidade de me expressar, era e
ainda é, muito grande. Uma questão de sublimação das dificuldades do cotidiano
e da vida prática, uma espécie de brincadeira infantil, ou um resquício daquela
força que a imaginação tem em nós na infância e que nos faz inventar mil coisas
para preencher nosso dia e nossa vida. O conteúdo do livro já existia, uma vez
que era fruto do acúmulo de no mínimo 10 anos escrevendo por necessidade, em
diários e cadernos, quando pensei que com trabalho e problematização poderia
selecionar o que havia de melhor nesse conteúdo e me debruçar sobre ele
organizando e sendo meticuloso na função de cada pedaço e assim criar uma obra
de arte dessa matéria bruta que nascia do fato de escrever. Esse trabalho, de
pensar na constituição de um livro e de trabalhar sobre ele foi de
aproximadamente 2 anos. E a ideia de fazê-lo surgiu quando compreendi que a
minha poesia já podia ser mostrada a todos e não somente aos amigos, que ela já
tinha certas qualidades estéticas que a possibilitariam atingir o “outro” como
arte.
Você sempre se intererrou por
literatura?
GV:Sempre. Houve um grande
trabalho da minha mãe nesse sentido. Ela sempre dava livros de presente a mim e
minha irmã, ou histórias em quadrinhos e qualquer material que se valesse da
palavra. E não só isso. Ela cobrava a leitura, perguntava do que se tratava e
qual era a história. Ao invés de ela nos contar histórias para dormir, nós
(minha irmã e eu) é que tínhamos que contar a ela a história que estávamos
lendo. Então certamente a literatura foi um meio que eu encontrei de agradar
minha mãe e mostrar alguma importância, de me afirmar. Conforme o tempo foi
passando a literatura foi tomando um lugar distinto das outras coisas.Ler era
prazeroso e divertido. Eu adorava imaginar as histórias e depois ficar no
quintal de casa atuando como os personagens que havia visto nos livros, e
também em filmes. Eu copiava tudo até as falas, mesmo sem que fizessem sentido,
até que eu comecei a criar minhas próprias histórias. Histórias que não se
materialização em palavras, mas sim em ações, em atuações, essa fase foi
fundamental para a possibilidade da história sair do imaginário abstrato e
contretizá-lo em textos.
Quais são seus autores favoritos?
Alguém em especial que te inspirou?
GV: Bem, no que tange a prosa, me
impressionou e ainda impressionam os realistas russos. Principalmente Tolstói.
O primeiro grande livro (grande em quantidade mesmo, um tijolo) foi o Ana
Karênina e aquilo me marcou profundamente.A poesia já estava mais dissolvida no
meu cotidiano porque minha mãe vez ou outra lia para nós Vinícios de Moraes (o
Poema Enjoadinho – sempre que fazíamos
algo errado ela começava: “Filhos filhos melhor não tê-los, mas se não tê-los
como sabê-los...”).Depois eu fui encontrando os que mais se comunicavam comigo
ai encontrei um universo. Fernando Pessoa e em especial seu heterônimo Alberto
Caeiro me comoveu muito, depois Drummond me mostrou que a poesia podia ser
diferente do que a gente aprendia na escola, que o amor não era aquele excesso
romântico, Rimbaud, Lorca e Whitman me apontaram o caminho que me fez repensar
tudo em termos de escrita e de ser humano e o Ferreira Gullar me mostrou a
palavra como coisa e que o belo é uma construção, que palavras bonitas não
fazem um belo poema.
Conte como foi o processo de
criação da obra, desde o texto até a publicação.
GV: Foi algo novo para mim onde
aprendi muito. Um livro necessita de capa, apresentação, prefácio, orelhas,
coisas óbvias.... Óbvias mas nada fáceis de fazer. Contatei diversas editoras
mandando a obra original após ter sido registrada na BN. Nenhuma editora
respondeu, isso porque o mercado literário está em crise, como todo o nosso
modo de produção, além do fato do gênero literário que escrevo não ser o que
tem maior saída e então há pouco interessem por parte das editoras em publicar
poesia. Quando percebi que não adiantava esperar uma editora me “descobrir” estudei
as melhores maneiras de fazer a publicação independente. Muitas editoras
oferecem o trabalho de edição e impressão do livro, basta que se pague o que
cobram, no entanto o trabalho que fazem não possui uma concepção alinhada ao
que o autor propõe. Então decidi fazer a edição eu mesmo e contratei um artista
plástico para fazer ilustrações. Uma para cada parte do poema. O artista era
João Pirolla que se tornou um grande amigo. Finalizada as ilustrações, processo
esse que foi muito interessante, porque o João entendeu bem a proposta e sempre
se mostrou aberto para modificações que eu sugerisse, coisa que fiz pouco por
não ser preciso, eu montei o livro e cotei com algumas editoras o trabalho de
impressão apenas. Era muito mais barato, então fechei com uma e fiz primeira
tiragem com a ajuda de algumas empresas do ramo da educação que eu trabalho
como professor de física. Isso foi interessante. Apresentei meu livro para o
Cursinho Objetivo de Guarulhos, Colégio Augusto Ruschi e o Espaço Novo Mundo,
que é um espaço de encontros literários promovido por uma livraria de
Guarulhos, eles ajudaram com parte dos custos, isso na primeira tiragem, a
segunda eu mesmo financiei.
Como surgiu a ideia do nome do
livro? Quem é “Eron Nicodemus”?
GV: A primeira vez que ouvi esse
nome foi na casa da avó de uma ex-namorada. A avó dela estava contando
histórias de seu passado quando repentinamente disse o nome Eron Nicodemus. Eu
pedi para ela repetir, e ela repetiu naturalmente. Ai eu perguntei: Era esse o
nome dele mesmo? E ela disse que sim. Eu fiquei repetindo esse nome na minha
cabeça um tempão. Era um nome muito sonoro que, por algum motivo, ficou gravado
na minha cabeça. Nessa época eu estava escrevendo uma peça, que inclusive foi
desmontada e parte de seu texto foi incorporado no livro, e precisava de um
nome para meu personagem, foi quando veio na minha cabeça o nome do bisavô da
minha ex-namorada – ERON NICODEMUS.Pesquisando posteriormente sobre o nome Eron
e seu significado descobri que ele é associado a palavra Herói, quer dizer
significa “Herói” ou “Heróico” e Nicodemus significa “do povo”, ai eu me
convenci que era aquele nome mesmo e, ainda mais por se tratar de uma rapsódia
o nome do meu personagem ser Eron era muito bom.
Que tipo de leitores/pessoas você gostaria de atingir com essa obra?
GV: Todo e qualquer ser humano. A
arte é uma linguagem que se comunica com o ser humano, sendo assim não vejo
sentido em “querer” que o livro seja mais bem recebido por algum tipo
específico de pessoas.
Tem planos para escrever/publicar
outro livro?
GV: Sim. Estou escrevendo um
outro poema, que não sei se entrará em uma edição futura no próprio “Eron
Nicodemus” como uma parte 5 ou se eu publico independente. Há uma forte
tendência desse poema se tornar uma história em quadrinhos, mas ainda preciso
terminar. Mas certamente há planos para mais publicações e em pouco tempo.
Qual mensagem gostaria de deixar
para o seu leitor?
GV: Acho que a melhor mensagem
que eu poderia deixar eu deixei no livro e nas canções, mas se há algo que eu
tenho gostado de dizer e pensar é que a arte é um trabalho humano que deve ser
entendido como trabalho e processo, além do fato da arte ser necessária ao ser
humano e não apenas um adorno ou enfeite descartável na vida das pessoas, então
acredito que as pessoas deveriam expor elas próprias, seus olhos, corpos,
ouvidos, enfim, todos os sentidos, ao maior número de material artístico
possível e repensá-los criticamente posteriormente. Só assim a nossa humanidade
estará garantida, do contrário lutaremos sempre por nossas necessidades animais
mais objetivas (alimento, abrigo, vestimenta...) e nunca conseguiremos
transcender a realidade objetiva.
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