segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ensaio mostra as origens do totalitarismo que existe dentro de cada um de nós

Foto: Divulgação


Em “A imaginação totalitária”, o filósofo Francisco Razzo analisa o que leva o ser humano
a crer em verdades absolutas – seja qual for sua ideologia política

Em seu livro de estreia, o filósofo e professor Francisco Razzo destrincha o conceito que dá nome à obra: “A imaginação totalitária”. Não se trata de um livro de história sobre regimes autoritários, ele explica logo no capítulo de introdução; mas, sim, um ensaio sobre como, individualmente, o ser humano desenvolve este tipo de pensamento, seja qual for sua vertente ideológica.
Seja um defensor dos ideários de direita, esquerda ou centro, o homem não está a salvo de tentar impor suas verdades absolutas, acredita Razzo. O filósofo defende que boa parte da origem das tendências totalitárias está relacionada a uma espécie de esperança exagerada depositada no sistema político: para ele, “o poder político entendido como esperança passa a ser tratado não como mediação, mas como fim último de todas as expectativas humanas.”

Mas Razzo discute ainda outros fatores determinantes, como a perda da noção de “sujeito” e a violência intrínseca à imaginação totalitária. Neste ensaio filosófico, ele faz um mea culpa em relação a eventos do passado nos quais julgou ter se comportado de forma autoritária, dá exemplos do cotidiano e cita escritos de pensadores como Hanna Arendt, Zygmunt Bauman, Roger Scruton e Paulo Eduardo Arantes.


TRECHO:
“A experiência radical de estar certo e desejar que todos estejam igualmente certos a partir dessas nossas crenças radicalizadas constitui a chave de compreensão das sangrentas catástrofes políticas – o último estágio das grandes certezas ideológicas, a exclusão completa de todo aquele que atrapalha efetivamente nossas realizações. (...) O fato é que nenhum terrorista nutre algum sentimento de dúvida acerca de suas mais nobres convicções. Todos, sem exceção, partiram, pelo menos no nível do apego sentimental a uma crença, da experiência de que valeria muito a pena lutar e, acima de tudo, matar e morrer por uma grande verdade”

Foto: Divulgação 

Francisco Razzo é graduado em filosofia pela Faculdade de São Bento, em São Paulo, mestre em filosofia pela PUC-SP, professor e palestrante. “A imaginação totalitária” é seu primeiro livro.

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