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Em “A imaginação totalitária”, o
filósofo Francisco Razzo analisa o que leva o ser humano
a crer em verdades absolutas –
seja qual for sua ideologia política
Em seu livro de estreia, o
filósofo e professor Francisco Razzo destrincha o conceito que dá nome à obra: “A
imaginação totalitária”. Não se trata de um livro de história sobre regimes
autoritários, ele explica logo no capítulo de introdução; mas, sim, um ensaio
sobre como, individualmente, o ser humano desenvolve este tipo de pensamento,
seja qual for sua vertente ideológica.
Seja um defensor dos ideários de
direita, esquerda ou centro, o homem não está a salvo de tentar impor suas
verdades absolutas, acredita Razzo. O filósofo defende que boa parte da origem
das tendências totalitárias está relacionada a uma espécie de esperança
exagerada depositada no sistema político: para ele, “o poder político entendido
como esperança passa a ser tratado não como mediação, mas como fim
último de todas as expectativas humanas.”
Mas Razzo discute ainda outros
fatores determinantes, como a perda da noção de “sujeito” e a violência
intrínseca à imaginação totalitária. Neste ensaio filosófico, ele faz um mea
culpa em relação a eventos do passado nos quais julgou ter se comportado
de forma autoritária, dá exemplos do cotidiano e cita escritos de pensadores
como Hanna Arendt, Zygmunt Bauman, Roger Scruton e Paulo Eduardo Arantes.
TRECHO:
“A experiência radical de estar
certo e desejar que todos estejam igualmente certos a partir dessas nossas
crenças radicalizadas constitui a chave de compreensão das sangrentas
catástrofes políticas – o último estágio das grandes certezas ideológicas, a
exclusão completa de todo aquele que atrapalha efetivamente nossas realizações.
(...) O fato é que nenhum terrorista nutre algum sentimento de dúvida acerca de
suas mais nobres convicções. Todos, sem exceção, partiram, pelo menos no nível
do apego sentimental a uma crença, da experiência de que valeria muito a pena
lutar e, acima de tudo, matar e morrer por uma grande verdade”
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Francisco Razzo é graduado
em filosofia pela Faculdade de São Bento, em São Paulo, mestre em filosofia
pela PUC-SP, professor e palestrante. “A imaginação totalitária” é seu primeiro
livro.
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