Translação da
Santa Casa de Loreto.
Pintura
anônima do século XVII, México
Numa
conferência promovida pelo Centro Cultural “Amici del Timone” de Staggia
Senese, Itália, sobre “A santa Casa. História da incrível translação angélica
da Casa de Maria de Nazareth a Loreto”, se desenvolveu ainda mais um tema que
interroga à engenharia.http://www.bastabugie.it/it/articoli.php?id=3782
Com efeito, na
cidade de Loreto, região Marche, há séculos se encontra a Santa Casa, onde
nasceu Nossa Senhora e onde Ela recebeu o Anúncio da Encarnação pela voz do
Arcanjo São Gabriel.
Porém, o fato
se deu em Nazaré, Terra Santa. E ali se encontram os fundamentos da mesma
Santa Casa. Esses, comparados com as dimensões e características Casa de Loreto
coincidem perfeitamente. E as afinidades e concordâncias não acabam por ali.
Como é que a
Santa Casa se descolou, por assim dizer, da sapata e foi aparecer íntegra a
perto de 3.ooo quilômetros de distância e ali permanece até hoje, também
íntegra?
A translação
aconteceu no século XIII, segundo provas históricas. Mas, como ela pode ter
sido feita considerando a pobreza dos recursos tecnológicos da época?
Ela é
atribuída a uma ação angélica reconhecida oficialmente por Papas e defendida
por santos. Mas, essas autorizadas aprovações não visam explicar o procedimento
material que transportou um objeto do tamanho de uma casa de um continente a
outro no período máximo de uma noite.
Entretanto,
essa translação está confirmada com provas históricas, documentais e
arqueológicas. A ciência mais uma vez confirma a Igreja para pasmo de muitos.
O professor
Giorgio Nicolini que consagrou sua vida de estudo e investigação ao caso, falou
em dito Congresso. Com argumentos das referidas ciências, ele considera
demostrada a veridicidade histórica do miraculoso traslado.
Segundo ele
expôs na conferência, existem muitos documentos e testemunhos oculares do
traslado, inexplicável à luz das ciências e técnicas humanas.
Santa Casa,
percurso de Nazareth até Loreto
O professor
Nicolini estabeleceu uma cronologia da mudança de local.
1. No dia 9 de
maio de 1291 a Santa Casa se encontrava ainda em Nazareth.
2. Na noite
entre 9 e 10 de maio de 1291 ela percorreu aproximadamente 3.000 quilômetros e
chegou a Tersatto, na região da Dalmácia, onde hoje fica a cidade de Fiume.
Naquela
ocasião, o senhor feudal de Tersatto, Nicolò Frangipane, enviou pessoalmente
uma delegação a Nazareth, para constatar se em verdade a Santa Casa tivesse
desaparecido de seu lugar original.
Os emissários
não só constataram a desaparição, mas encontraram a sapata sobre a qual a Casa
havia sido construída e de onde as paredes tinham sido tiradas em bloco.
Esses
fundamentos estão em Nazareth e em torno deles foi construída a basílica da
Anunciação. Em Loreto se encontra a Casa desprovida de baseamento e apoiada
diretamente no chão.
3. Na noite
entre os dias 9 e 10 de dezembro de 1294, a Santa Casa desapareceu de Tersatto
e pousou “em diversos lugares” da Itália. Ela ficou durante nove meses numa
colina sobre o porto de Ancona, que por isso mesmo passou a ser denominada
“Posatora”, do latim “posat et ora”.
No local foi
edificada uma igreja como lembrança do fato segundo registrou na época um
sacerdote que assina don Matteo, provavelmente testemunha ocular.
Também duas
lápides comemoram o fato. Uma é da mesma época do evento, e está escrita em
latim vulgar antigo. A outra está escrita em vernáculo, é do século XVI e é uma
cópia da mais velha.
A lápide mais
antiga de Posatora já falava de “Nossa Senhora de Loreto” ficando claro que a
inscrição foi feita após a partida do local.
5. Em 1295,
após nove meses em Posatora a Santa Casa foi trasladada a uma floresta que
pertencia a uma mulher de nome Loreta, na proximidade da cidade de Recanati. De
ali provém o nome Loreto.
6. Entre 1295
e 1296, após permanecer oito meses nesse local, a Santa Casa foi transportada
milagrosamente até uma roça que pertencia a dois irmãos da família Antici,
sobre o Monte Prodo.
7. Em 1296,
após quatro meses na dita roça, a Santa Casa partiu e foi pousar num sendeiro
público que ligava Recanati e Ancona, sobre o Monte Prodo, onde ainda se
encontra.
A Santa Casa
em Loreto, estado atual do interior da casa de Nossa Senhora.
Muitíssimos
outros fatos atestam a veracidade histórica do traslado inexplicável. Três
igrejas foram construídas em Ancona – duas ainda existentes – lembrando que
testemunhas oculares viram chegar a Santa Casa “voando” a Ancona e a parada em
Posatora.
Acresce que em
Forìo, na Ilha de Ischia, os pescadores da ilha que comerciavam com Ancona
voltaram narrando dos fatos que tinham se dado em 1295.
O relato moveu
os habitantes da cidade a erigir uma Basílica consagrada a “Santa Maria di
Loreto”. Eles também viram com seus próprios olhos a Santa Casa em Ancona.
O culto das
milagrosas translações foi aprovado por diversos bispos da região. As
aprovações dos Papas foram sendo renovadas durante séculos até a instituição da
Festa da Translação no dia 10 de dezembro de todo ano, definitivamente
estabelecida por Urbano VIII em 1624.
A translação
foi reconhecida por diversos Sumos Pontífices, entre os quais Paulo II, Júlio
II, Leão X, Pio IX, Leão XIII e Pio XI. Os respectivos documentos em que os
Papas reconhecem o fato como sobrenatural além de seu valor religioso têm
reconhecido o valor de documento pela ciência histórica.
O professor
Nicolini apontou a mentalidade materialista, ora agnóstica e ateia, ora
protestante envolvida em papel Bíblia, que pretende desacreditar a
autenticidade da Santa Casa venerada em Loreto.
Em certo
sentido, essa oposição estimulou um aprofundamento dos estudos que demonstraram
ser originária da Terra Santa. Provam isso a composição química da massa com
que foi construída a casa, sua forma e muitos pormenores arquitetônicos.
Contra a
translação angélica, forjou-se até a novela de que uma fantasiosa família
principesca de Epiro chamada “Angeli” teria desmontado a Casa e a teria
transportado tijolo por tijolo a pedido dos Cruzados que estavam vendo o avanço
destrutor dos muçulmanos.
Tal família
teria depois reconstruído a casa em Loreto. Nas condições de transporte do
século XIII tal operação teria sido uma façanha mais miraculosa de que a
translação angélica.
As pedras e
tijolos estão unidos com uma massa cuja composição físico-química só se
encontra na Palestina. E precisamente na região de Nazareth, inexistindo em
qualquer parte de Marche e ou de qualquer outro lugar da Itália.
Acresce que se
se a Casa foi desmontada e restaurada em diversos locais por mão humana – como
pretende a imaginosa objeção – não se entende como teria sido possível
conservar as exatas proporções geométricas da casa de Nazareth cujos
fundamentos hoje batem perfeitamente com os muros de Loreto.
Tampouco teria
sido possível que ninguém percebesse que a Casa estava sendo desmontada e
depois reconstruída, e ainda no breve lapso de uma noite no centro do santuário
de Nazareth e depois na Itália.
Mais
inexplicável ainda é o fato de a Santa Casa ter sido finalmente depositada
cortando uma velha estrada de terra. Nessa estrada a passagem dos animais e das
charretes abriu naturalmente valetas no centro da estrada, elevou as margens
que, por sua vez geraram canaletas em ambos os lados.
Dessa maneira,
os muros sem sapata estão ainda apoiados na terra e parte no vácuo. Isso hoje
pode ser verificado pelos peregrinos através de um vidro no chão.
Acresce que a
Prefeitura de Recanati já naquela época havia proibido construir casas nas
estradas públicas e ordenou demolir todos os prédios que fossem feitos em
violação da norma.
Como é que
então poderia ter sido refeita uma casa cortando a estrada sem que ninguém
percebesse?
Outra grade
dificuldade provém da ausência de meios naquela época para transportar uma casa
inteira, ainda que desmontada tijolo por tijolo e Pedro por pedra. Tratar-se-ia
de algumas toneladas.
O transporte
por terra teria sido ímprobo pela demora e pela quantidade de charretes,
animais e homens necessários. Por mar, embora mais factível, teria sido também
demorado e sujeito a perdas pelas tempestades. Mais complicado ainda seria
cortar os muros em partes e leva-las sem desmanchar numa viagem de 3.000
quilômetros e depois recolá-las sem deixar sinais dos pontos de junção.
Esses fatores
materiais, explicou o prof. Nicolini, postulam a impossibilidade de um
transporte com os meios técnicos da época.
Também é
errada e falsa a interpretação do documento em que se baseia a teoria
descartada.
O Prof. Andrea
Nicolotti, da Universidade de Estudos Históricos de Turim, após aprofundado
exame, concluiu ser uma “falsidade histórica” a interpretação do “Chartularium
Culisanense” de onde se pretende tirar a ideia de um transporte por obra de
homem.
Na única linha
desse documento que fala da Santa Casa está escrito textualmente: “As Santas
Pedras tiradas da Santa Casa de Nossa Senhora a Virgem Madre de Deus”.
Fica evidente
que o documento não fala de toda uma Casa, mas só de algumas pedras de uma casa
cuja localização não é mencionada.
Acontece que
Nossa Senhora residiu em outras casas. Por exemplo, os Evangelhos mencionam a
casa de São João, depois da crucificação de Jesus: “Depois disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”
(João, 19, 27).
E também a
casa de Éfeso, hoje na Turquia, onde é visitada por inúmeros romeiros, onde
Nossa Senhora se refugiou com São João para fugir da perseguicao da Sinagoga.
Por isso é
razoável concluir que dito documento – se for verdadeiro – não se refere nem
mesmo à Casa de Nazareth.
Da longa e
detalhada demonstração do professor Nicolini se deduz que é muito mais razoável
supor a translação angélica resultante de uma obra maravilhosa de Deus, para
quem nada é impossível e que tem operado milagres bem maiores do que esse.
Uma translação operada por mãos
humanas deveria ser considerada um evento ainda mais milagroso do que a efetivada
por obra dos anjos.
Luis Dufaur é escritor, jornalista,
conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
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