Imagem: Divulgação
Com mais de 500 mil exemplares vendidos na França,
novo romance de David Foenkinos retrata a vida de uma das maiores pintoras do
século XX, morta em Auschwitz
Por Marcelo Vieira
A pintora Charlotte Salomon (1917-1943) não teve
uma vida fácil. Nascida em Berlim, no seio de uma abastada, porém problemática
família judaica, ela aprendeu desde cedo a lidar com a tragédia. A mãe,
desiludida com a vida, saltou para a morte quando Charlotte era apenas uma
criança, deixando-a sob os cuidados do pai, um importante cirurgião e veterano
de guerra da época cujo declínio coincidiu com a ascensão de Hitler ao
poder em 1933.
Parou de ir à escola, mas conseguiu vaga na cota para
judeus na faculdade, onde estudou Pintura por dois anos. Com o antissemitismo
tornando-se a espinha dorsal da Alemanha nazista, Charlotte foi obrigada a
largar os estudos. Depois da Noite dos Cristais, a família Salomon optou por se
exilar na França. Foi lá, entre 1941 e 1943, que produziu sua obraVida? Ou
teatro?, que consiste em nada menos que 769 pinturas, todas autobiográficas.
Foi morta em Auschwitz, grávida de cinco meses, aos 26 anos.
A trajetória de Charlotte Salomon despertou o
fascínio de David Foenkinos. Conhecido principalmente pelo romance Adelicadeza —
adaptado para o cinema em 2011 —, o autor saiu em busca da artista por trás da
obra, do ser humano por trás do mito. Visitou lugares, conheceu pessoas, reuniu
referências e as catalisou neste romance curto porém vertiginoso, como a vida
de Charlotte, onde cada frase tem vida própria e carrega em seu âmago a
intensidade e a sensibilidade da figura real que lhe serve de protagonista.
Lançado originalmente em 2014 na França, —
onde já vendeu mais de 500 mil exemplares —, Charlotte chega ao
Brasil numa belíssima edição, que faz jus ao legado de uma das maiores artistas
do século XX. Para ler com os olhos da alma e sentir no peito a emoção e o peso
da verdade: a arte sempre será maior que a vida.
Marcelo Vieira é editor-assistente da Bertrand
Brasil.
DAVID FOENKINOS nasceu em Paris em 1974.
Estudou Literatura na Sorbonne e é músico. “Charlotte” rendeu a Foenkinos os
prêmios Renaudot e Goncourt des lycéens. No mesmo ano, ganhou também o Globe de
Cristal na categoria romance.
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