Imagem: Divulgação
Por Marcelo Vieira*
Aos 39 anos, Gary Loyd Stewart tinha o que se pode
chamar de uma vida normal: um bom emprego, um filho adolescente que não lhe
dava muita dor de cabeça e um ótimo relacionamento com seus pais adotivos. Até
o dia que o telefone tocou. Era sua mãe biológica, desejando recuperar o tempo
perdido e conhecer finalmente o filho.
Gary, que nunca sentiu necessidade de vasculhar o
passado em busca de respostas, logo se viu tentado a fazê-lo — só não esperava
que isso fosse lhe fazer dar de cara com uma verdade aterradora: seu pai
biológico era ninguém menos que o Assassino do Zodíaco, um dos criminosos mais
procurados de todos os tempos, cuja identidade, até então, havia permanecido um
grande ponto de interrogação na história americana.
Ao Zodíaco são atribuídos sete assassinatos
ocorridos entre dezembro de 1968 e outubro de 1969, manchando de sangue a
florida Califórnia paz-e-amor. Mas sua infâmia se deve, sobretudo, às cartas
ameaçadoras que enviava à polícia e à imprensa — a última delas datada de 1974
—, nas quais incluía criptogramas que permanecem não-decifrados até os dias de
hoje.
Muito se especulou sobre a verdadeira identidade do
assassino. Muitos dedicaram suas vidas — ou, no mínimo, seus melhores anos — à
procura de respostas, evidências ou qualquer coisa que lançasse luz sobre o
caso. Nenhuma pesquisa, no entanto, chegou perto da realizada por Gary em dez
anos de puro empenho. Incansável em sua busca, o autor mergulhou fundo em
registros policiais e jornais da época, conseguindo acesso a pessoas cujos
depoimentos fariam toda a diferença — entre eles, o melhor amigo do Zodíaco em
sua juventude. Submeteu, também, às cartas do Zodíaco a exames de comparação de
caligrafia cujos resultados apresenta em primeira mão.
E não apenas o nome do assassino é revelado, como
seu passado também vem à tona: a infância no seio de uma família disfuncional,
a afinidade com linhas de pensamento obscuras, os passatempos incomuns, os
antecedentes criminais, os relacionamentos fracassados e o episódio de rejeição
que desencadeou a mudança de comportamento definitiva e brutal.
Para dar ritmo e forma aos registros de sua
jornada, Gary contou com a valiosa ajuda de Susan Mustafa, jornalista
gabaritada e coautora de outros livros sobre serial killers. O resultado é
uma narrativa empolgante e esclarecedora que situa o leitor no contexto da
época — sem deixar de fora importantes eventos das décadas de 1960 e 1970 como
os assassinatos da Família Manson e o suicídio em massa na Guiana, além da
própria revolução cultural que ocorria nos Estados Unidos, liderada pela
efervescente e contestadora cena artística californiana.
Contendo dois encartes coloridos com imagens
exclusivas, O animal mais perigoso de todos é recomendadíssimo tanto
para aqueles que buscam entender o que move um assassino em série quanto para
aqueles que prezam por uma leitura envolvente... e assustadora, se levarmos em
conta que tudo o que está escrito, de fato, aconteceu.
Marcelo Vieira é editor-assistente da Bertrand
Brasil.
Gary L. Stewart recebeu seu diploma em
Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual da Luisiana e é vice-presidente
da Delta Tech Service da Luisiana. Há dez anos, Gary começou a escrever um
diário onde registrou cada detalhe de sua busca pelo pai e pela própria identidade.
Esse diário serviu como base para O animal mais perigoso de todos. Gary mora na
Luisiana com a mulher, Kristy, e o filho, Zach.
Susan Mustafa é autora jornalista premiada. É
coautora de outros dois livros sobre serial killers: Dismembered, que
relata a história de Sean Vincent Gillis, e Blood Bath, sobre a vida e os
crimes de Derrick Todd Lee.
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