Imagem: divulgação
Lilian Pacce assina curadoria da exposição “Yes!
Nós Temos Biquíni”, que o CCBB Rio abre ao público em 15 de maio, às 18h.
Mostra reúne 120 obras para celebrar os 70 anos do traje que transformou o
comportamento da mulher, promovendo o diálogo entre moda e arte, além de
abordar temas atuais como o empoderamento feminino e padrões de beleza impostos
pela sociedade.
A revolução causada por umas das peças mais
icônicas do vestuário feminino é o tema da exposição Yes! Nós Temos
Biquíni, que o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB Rio) abre
dia 15 de maio. A mostra comemora os 70 anos do traje que transformou o
comportamento da mulher e acompanhou mudanças de paradigma, conquistas,
libertações e liberalidades – tudo com um olhar bem brasileiro. “O biquíni
revolucionou o mundo, mas o Brasil revolucionou o biquíni”, afirma a curadora
Lilian Pacce.
A mostra reúne cerca de 120 obras, entre looks
icônicos e históricos de moda praia, fotografias, pinturas, esculturas, vídeos,
ilustrações, instalações, artefatos históricos e amplo material iconográfico.
Performances, debates e um ciclo de cinema também fazem parte da programação da
exposição, que ocupará o 2º andar do Centro Cultural até 10 de julho. A
exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil.
“A moda, para além de seu propósito inicial que é
vestir o corpo, sempre esteve relacionada a questões sociais, culturais,
políticas e econômicas. Esta exposição traz uma diversidade, que sempre
buscamos para a programação do CCBB e apresenta um diálogo entre o elemento de
maior representação brasileira na moda mundial com obras de arte contemporâneas
que desafiam o visitante a interpretar essas associações”, comenta o
gerente-geral do CCBB Rio, Fabio Cunha.
O percurso começa com uma explicação sobre a
criação do engenheiro francês Louis Réard, que ousou diminuir a calcinha de
cintura alta e revelar o umbigo da mulher – símbolo do vínculo e da ruptura
entre duas vidas, zona erógena, centro do corpo humano e do mundo, como se
percebe na obra Um.Bigo, de Lia Chaia. Réard queria que sua ideia fosse
tão explosiva quanto os primeiros testes nucleares no atol de Bikini – daí
surge o nome da peça. Ilustrando modas, modismo e rupturas, uma linha do tempo
mostra a evolução do traje de banho, com peças originais desde o século 19 até
hoje, looks que sintetizam a imagem de cada década assim como as mulheres que
fizeram a fama do biquíni ao longo da história.
Na sala seguinte, o visitante descobre que
historicamente, apesar de ser uma criação francesa, o crédito pela invenção do
biquíni poderia caber aos índios brasileiros e sua forma de cobrir o corpo.
Tangas marajoaras datadas do período pré-colombiano, cedidas pelo Museu de
Arqueologia e Etnologia – USP, mostram que os trajes já eram usados por aqui
muito antes do descobrimento, mas não eram percebidos como “roupa” sob o prisma
da moral dos colonizadores portugueses. A sala se completa com obras de
artistas nascidos em outros países, mas que escolheram o Brasil para viver,
como Claudia Andujar, John Graz e Maureen Bisilliat, que representam o
encantamento dos estrangeiros com nossa cultura, e também biquínis inspirados
na cultura indígena.
Temas fundamentais nos dias atuais, o empoderamento feminino e questões ligadas
aos padrões de beleza impostos pela sociedade fazem parte do debate
proposto pela exposição. A reflexão sobre o corpo e a praia acontece na próxima
sala por meio do diálogo das obras de Marcela Tiboni, Claudio Edinger
e Elen Braga com criações dos estilistas Amir Slama, Isabela Frugiuele
(Triya) e Adriana Degreas, além da escultura de Tiago Carneiro da
Cunha. Já a relação entre moda e arte é tratada pela inspiração mútua e
parcerias inusitadas – Beatriz Milhazes, Glauco Rodrigues e Jorge Fonseca
para Blue Man, J. Carlos para Salinas, Gonçalo Ivo e J. Borges para Amir Slama,
Maria Martins para Adriana Degreas. No centro da sala, em destaque, Stripencores,
obra de Nelson Leirner de 1967 que ganha um quinto elemento criado
especialmente para a mostra.
A praia como território geográfico, social e até virtual surge em
cenas do dia a dia nas imagens captadas pelas lentes de Alair Gomes, Cartiê
Bressão, Fernando Schlaepfer, Frâncio de Holanda, German Lorca, Julio
Bittencourt, Otto Stupakoff, Pierre Verger, Rochelle Costi, Thomaz Farkas
e Willy Biondani, além de vídeo de Janaína Tschape e de escultura de Eder
Santos. Como contraponto, o trabalho elaborado por nomes que ajudaram a criar a
identidade da moda praia brasileira (e projetá-la mundialmente) surge em
imagens icônicas: Dalma Callado em foto que alavancou sua carreira
internacional nos anos 1970, feita por Luiz Tripolli, e Gisele Bündchen clicada
por Jacques Dequeker no início dos anos 2000, já famosa – e ainda Antonio
Guerreiro, Bob Wolfenson, Claudia Guimarães, Daniel Klajmic, Klaus Mitteldorf,
Marcelo Krasilic, Miro e Vavá Ribeiro.
Mas muito antes dos editoriais de moda, era o
ilustrador e figurinista Alceu Penna quem “ditava” tendências na extinta
revista “O Cruzeiro” com “As Garotas do Alceu”, verdadeiras it girls da
época. A praia é vista também pelo traço das ilustrações de Carla Caffé, Filipe
Jardim e Paulo von Poser. A sala traz ainda uma videoinstalação com grandes
momentos da moda praia nas semanas de moda no Brasil, e uma série de manequins
com biquínis e maiôs de caráter excepcional, seja pela construção, modelagem,
material ou pela criatividade em si – prova de que o biquíni é a peça mais
brasileira de todas.
Na última sala, o visitante é convidado a compartilhar experiências de praia,
diante das obras de Cássio Vasconcellos, Katia Maciel e Leda Catunda – e da
pergunta que fica: qual é a sua praia? “A força de uma peça tão pequena como o
biquíni brasileiro, basicamente quatro triângulos de tecido, está diretamente
ligada ao emporaderamento feminino ao longo do último século e vai muito além
da praia em si. A exposição pretende mostrar essas interfaces, seu impacto nas
conquistas da mulher e o lifestyle criado em torno dele”, diz a curadora Lilian
Pacce, autora do livro O Biquíni Made in Brazil.
A cenografia é assinada por Pier Balestrieri, com comunicação
visual de Kiko Farkas, consultoria de arte contemporânea de Sandra Tucci,
coordenação geral e produção executiva da Com Tato Agência
Sociocriativa.
Imagem: Divulgação
Yés! Nós Temos Biquíni
Exposição: de 15 de maio a 10 de julho
CCBB Rio de Janeiro
De quarta a segunda, das 9h às 21h
Rua Primeiro de Março, 66. Centro, Rio de Janeiro,
RJ. 20010-000
Telefone: (21) 3808-2020
E-mail: ccbbrio@bb.com.br
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