Imagem: Divulgação
O conceito transforma o que seria descartado em
peças exclusivas
Evitar o desperdício e reduzir o consumo de
matéria-prima durante o processo de criação de novos produtos é a essência do
Upcycling, conceito que visa transformar resíduos inúteis e descartáveis em
novos materiais, colaborando para propagar uma nova forma de consumo. Vertente
da reutilização, a arte do upcycling dá novo significado àquilo que, a
princípio, seria destinado ao lixo por não apresentar valor comercial.
Utilizado no mundo da moda a partir de 2002, o termo se sustenta em dois
pilares: economia e transformação.
De acordo com a professora do curso de Design de
Moda do Centro Europeu, Nicolle Gora, diferente da reciclagem, o upcycling faz
uso de materiais já existentes para criar algo que surpreenda e, mesmo assim,
seja baseado em traços originais das peças. Por essa abordagem, embalagens e
sacos de cimento utilizados podem dar vida a bolsas, sapatos e acessórios
únicos e elegantes. “Por ser um processo que não desperdiça energia ou faz uso
de materiais químicos para reciclagem, ele pode ser muito eficiente em larga
escala na indústria da moda, que é, hoje, a segunda mais poluente do mundo”,
explica.
A proposta pode parecer ousada e até mesmo um pouco
excêntrica, mas já ocupa as vitrines de capitais como Londres e Berlim. No
Brasil – onde são confeccionadas, por ano, cerca de nove bilhões de peças de
roupa -, o conceito ainda é incipiente, mesmo com a estimativa de que por volta
de 170 mil toneladas de retalhos sejam produzidas anualmente no país.
Ainda assim, a técnica, vista por Nicolle como uma
aliada da sustentabilidade por recolocar no topo do ciclo da produção um
material que já está no fim dele, é fruto dos anseios da geração Y. “Desses
novos recortes, modelagens e processos produtivos nascem peças únicas e com
alto valor agregado. O upcycling resulta de uma consciência ambiental,
principalmente desse público que cobra mais ética e transparência das
empresas”, resume.
Para ela, dar ouvidos a esses consumidores
significa repensar toda a cadeia produtiva do mercado da moda, priorizando a
mitigação de impactos ao meio ambiente. “Além disso, manifestar essa veia
inovadora, de modo a conter desperdícios e extrair o melhor de cada produto,
pode trazer economia e ser um diferencial competitivo para o mercado”,
acrescenta. Para dar vida à inovação, contudo, a professora lembra que não há
segredo. “A partir das preferências e necessidades do seu público, é preciso
lançar mão de bom gosto e criatividade sem receios. O resultado será nada menos
do que combinações atrativas e interessantes”, completa.
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