Imagem: Divulgação
A estreia marca os 75 anos da morte do autor que
viveu exilado
entre 1936 e 1942, durante o regime Nazista
Produção da maior importância em tempos de
intolerância crescente no Brasil e no Mundo, o filme “Stefan Zweig - Adeus,
Europa”, livremente inspirado no livro “Morte no Paraíso – a Tragédia de Stefan
Zweig” do jornalista brasileiro Alberto Dines, destaca os anos de exílio na
vida do intelectual judeu. Stefan deixou a Europa em 1934, tentando
encontrar a lucidez face aos acontecimentos na Alemanha nazista e uma
perspectiva de vida no Novo Mundo - nunca regressando do exílio. Dirigido e
roteirizado por Maria Schrader, a estreia no Brasil coincide com os 75 anos da
morte do autor num momento de crescimento dos discursos de ódio e da
intolerância em várias instâncias de nossa sociedade. “Stefan Zweig - Adeus, Europa” chega
aos cinemas brasileiros no dia 13 de abril.
O Filme
O arco da história é composto por seis partes (um
prólogo, um epílogo e quatro capítulos intermediários) que retratam episódios
da vida do escritor entre 1936 e 1942, com especial enfoque no seu exílio sul
americano (Rio de Janeiro, Buenos Aires, Bahia, Petrópolis). Estes momentos
ilustram o ponto de vista do escritor sobre o que acontecia no mundo durante a
implantação do regime Nazista, e logo depois a Segunda Guerra Mundial. O olhar
de exilado levou o escritor a sentir-se impotente frente ao crescimento da
intolerância, da barbárie e do autoritarismo vigente na Europa, levando-o a
fazer permanentes ajustes de consciência - como pessoa influente pensava na
incapacidade de ajudar todos aqueles que queriam igualmente escapar da Europa
rumo às Américas.
Maria Schrader faz uma referência às circunstâncias
em que Zweig pode ser considerado contemporâneo em suas ideias e valores: “Ele
era um visionário, dedicando grande parte de sua escrita à ideia utópica de uma
Europa unida, pacífica, sem fronteiras nacionais. Hoje ele é considerado um dos
autores mais intelectuais da União Europeia. Acreditava no poder pacificador do
intercâmbio cultural e da diversidade, sua criatividade tinha origem em sua
curiosa e entusiástica apreciação por ideias e pessoas. Numa época em que as
discussões abertas já não eram mais possíveis e que tudo era preto ou branco,
este mestre de nuances recusou-se a ver o mundo de uma forma simplista e a
adotar a brutalidade verbal dos seus oponentes”.
Em Petrópolis, Stefan Zweig escreveu seu trabalho
mais famoso, "Xadrez". No mesmo local onde, em 23 de fevereiro de
1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa
e sem qualquer esperança no futuro da Humanidade, fez sua carta de despedida:
"Petrópolis, 22 de fevereiro de 1942.
Declaração.
Antes de deixar a vida por vontade própria e mente
sã, sinto a necessidade de cumprir uma última tarefa: agradecer profundamente
ao Brasil, este país maravilhoso, que deu a mim e ao meu trabalho um descanso
tão hospitaleiro. Dia após dia, aprendi a amá-lo mais. Eu não preferiria
construir uma vida nova em nenhum outro lugar agora que o mundo que fala minha
língua desapareceu para mim e que minha terra espiritual, a Europa, está se
destruindo. Mas, aos sessenta anos, temos que buscar forças extraordinárias para
recomeçar do zero. Minha vida foi cansativa, com muitos anos na estrada. Então
acho melhor encerrá-la na hora certa, com a cabeça erguida. Uma vida na qual o
trabalho intelectual sempre foi de pura alegria e liberdade pessoal, o maior
bem que se pode ter no mundo. Agradeço a todos os meus amigos. Que eles vivam
para ver o amanhecer depois de uma longa noite. Eu sou muito impaciente. Vou
antes deles”.
Zweig e a mulher, Lotte, foram encontrados mortos
na tarde do dia seguinte, deitados lado a lado. Tinham ingerido uma dose fatal
de barbitúricos. A notícia do suicídio de ambos chocou o mundo.
Sinopse - Em 1936, fugindo do nazismo na
Europa, o ilustre escritor austríaco de origem judaica Stefan Zweig desembarca
no Novo Mundo, percorrendo Rio de Janeiro, Bahia, Buenos Aires, Nova York e
Petrópolis. Apaixonado pelo Brasil, inicia a escrita de um novo livro, tendo a
nova terra como tema, e é na cidade imperial que decide se instalar em 1941.
Porém, atormentado pelo crescimento da intolerância, da barbárie e do
autoritarismo na Europa, e sentindo-se impotente em não poder ajudar seus
conterrâneos a escapar do horror nazista, Zweig sucumbe aos fantasmas do
exílio.
Sobre a diretora:
Maria Schrader (Hanôver, Alemanha, 27 de setembro
de 1965) é uma atriz alemã. Se formou na Max-Reinhardt-Seminar, em Viena. Sua
performance em “Aimée & Jaguar”, que lhe rendeu diversos prêmios e
reconhecimento mundial, só veio confirmar o que o cinema alemão já pressentia
há um bom tempo. Teve seu primeiro sucesso no filme “Keiner liebt mich”, de
Doris Dörrie, pelo qual recebeu um prêmio por sua atuação. Para cinema escreveu
roteiros dos filmes RobbyKallePaul; Eu estive em Marte; Confissões na noite; A
Girafa. Co-dirigiu “Eu estive em Marte”, juntamente a Dani Levy, com quem foi
casada. Tem uma filha com o diretor Rainer Kaufmann, a quem deu o nome de
Felice (sua personagem em “Aimée & Jaguar”). Suas últimas atuações de
destaque foram nos filmes “Rosenstraße e Schneeland”. Seu primeiro filme como
diretora é “Liebesleben” (Love Life) do ano de 2006. Atua também no teatro, sua
personagem mais conhecida é Kriemhild, em Die Nibelungen. Lança em 2016 o filme
“Stefan Zweig – Adeus, Europa”.
Stefan Zweig - Adeus, Europa
Data de estreia no Brasil: 13 de abril
Circuito: a conferir
Classificação: a definir
Distribuição: Esfera Filmes
Ficha Técnica do Filme
Direção e roteiro: Maria Schrader
País: ALE/FRA/Áustria
Ano: 2016
Duração: 106min
Título original: VOR VER MORGENRÖTE - STEFAN ZWEIG
IN AMERIKA
(Baseado livremente no livro “Morte no Paraíso – a
Tragédia de Stefan Zweig” de Alberto Dines)
Elenco: Tómas Lemarquis, Barbara Sukowa, Josef
Hader
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