terça-feira, 18 de abril de 2017

ESCRITOR QUE VIVEU NO BRASIL, O INTELECTUAL STEFAN ZWEIG É LEMBRANDO EM FILME

Imagem: Divulgação 


A estreia marca os 75 anos da morte do autor que viveu exilado
entre 1936 e 1942, durante o regime Nazista

Produção da maior importância em tempos de intolerância crescente no Brasil e no Mundo, o filme “Stefan Zweig - Adeus, Europa”, livremente inspirado no livro “Morte no Paraíso – a Tragédia de Stefan Zweig” do jornalista brasileiro Alberto Dines, destaca os anos de exílio na vida do intelectual judeu.  Stefan deixou a Europa em 1934, tentando encontrar a lucidez face aos acontecimentos na Alemanha nazista e uma perspectiva de vida no Novo Mundo - nunca regressando do exílio. Dirigido e roteirizado por Maria Schrader, a estreia no Brasil coincide com os 75 anos da morte do autor num momento de crescimento dos discursos de ódio e da intolerância em várias instâncias de nossa sociedade. “Stefan Zweig - Adeus, Europa” chega aos cinemas brasileiros no dia 13 de abril.

O Filme
O arco da história é composto por seis partes (um prólogo, um epílogo e quatro capítulos intermediários) que retratam episódios da vida do escritor entre 1936 e 1942, com especial enfoque no seu exílio sul americano (Rio de Janeiro, Buenos Aires, Bahia, Petrópolis). Estes momentos ilustram o ponto de vista do escritor sobre o que acontecia no mundo durante a implantação do regime Nazista, e logo depois a Segunda Guerra Mundial. O olhar de exilado levou o escritor a sentir-se impotente frente ao crescimento da intolerância, da barbárie e do autoritarismo vigente na Europa, levando-o a fazer permanentes ajustes de consciência - como pessoa influente pensava na incapacidade de ajudar todos aqueles que queriam igualmente escapar da Europa rumo às Américas.
Maria Schrader faz uma referência às circunstâncias em que Zweig pode ser considerado contemporâneo em suas ideias e valores: “Ele era um visionário, dedicando grande parte de sua escrita à ideia utópica de uma Europa unida, pacífica, sem fronteiras nacionais. Hoje ele é considerado um dos autores mais intelectuais da União Europeia. Acreditava no poder pacificador do intercâmbio cultural e da diversidade, sua criatividade tinha origem em sua curiosa e entusiástica apreciação por ideias e pessoas. Numa época em que as discussões abertas já não eram mais possíveis e que tudo era preto ou branco, este mestre de nuances recusou-se a ver o mundo de uma forma simplista e a adotar a brutalidade verbal dos seus oponentes”.
Em Petrópolis, Stefan Zweig escreveu seu trabalho mais famoso, "Xadrez". No mesmo local onde, em 23 de fevereiro de 1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa e sem qualquer esperança no futuro da Humanidade, fez sua carta de despedida:
"Petrópolis, 22 de fevereiro de 1942.
Declaração.
Antes de deixar a vida por vontade própria e mente sã, sinto a necessidade de cumprir uma última tarefa: agradecer profundamente ao Brasil, este país maravilhoso, que deu a mim e ao meu trabalho um descanso tão hospitaleiro. Dia após dia, aprendi a amá-lo mais. Eu não preferiria construir uma vida nova em nenhum outro lugar agora que o mundo que fala minha língua desapareceu para mim e que minha terra espiritual, a Europa, está se destruindo. Mas, aos sessenta anos, temos que buscar forças extraordinárias para recomeçar do zero. Minha vida foi cansativa, com muitos anos na estrada. Então acho melhor encerrá-la na hora certa, com a cabeça erguida. Uma vida na qual o trabalho intelectual sempre foi de pura alegria e liberdade pessoal, o maior bem que se pode ter no mundo. Agradeço a todos os meus amigos. Que eles vivam para ver o amanhecer depois de uma longa noite. Eu sou muito impaciente. Vou antes deles”. 
Zweig e a mulher, Lotte, foram encontrados mortos na tarde do dia seguinte, deitados lado a lado. Tinham ingerido uma dose fatal de barbitúricos. A notícia do suicídio de ambos chocou o mundo.

Sinopse - Em 1936, fugindo do nazismo na Europa, o ilustre escritor austríaco de origem judaica Stefan Zweig desembarca no Novo Mundo, percorrendo Rio de Janeiro, Bahia, Buenos Aires, Nova York e Petrópolis. Apaixonado pelo Brasil, inicia a escrita de um novo livro, tendo a nova terra como tema, e é na cidade imperial que decide se instalar em 1941. Porém, atormentado pelo crescimento da intolerância, da barbárie e do autoritarismo na Europa, e sentindo-se impotente em não poder ajudar seus conterrâneos a escapar do horror nazista, Zweig sucumbe aos fantasmas do exílio.

Sobre a diretora:
Maria Schrader (Hanôver, Alemanha, 27 de setembro de 1965) é uma atriz alemã. Se formou na Max-Reinhardt-Seminar, em Viena. Sua performance em “Aimée & Jaguar”, que lhe rendeu diversos prêmios e reconhecimento mundial, só veio confirmar o que o cinema alemão já pressentia há um bom tempo. Teve seu primeiro sucesso no filme “Keiner liebt mich”, de Doris Dörrie, pelo qual recebeu um prêmio por sua atuação. Para cinema escreveu roteiros dos filmes RobbyKallePaul; Eu estive em Marte; Confissões na noite; A Girafa. Co-dirigiu “Eu estive em Marte”, juntamente a Dani Levy, com quem foi casada. Tem uma filha com o diretor Rainer Kaufmann, a quem deu o nome de Felice (sua personagem em “Aimée & Jaguar”). Suas últimas atuações de destaque foram nos filmes “Rosenstraße e Schneeland”. Seu primeiro filme como diretora é “Liebesleben” (Love Life) do ano de 2006. Atua também no teatro, sua personagem mais conhecida é Kriemhild, em Die Nibelungen. Lança em 2016 o filme “Stefan Zweig – Adeus, Europa”.


Stefan Zweig - Adeus, Europa
Data de estreia no Brasil: 13 de abril
Circuito:  a conferir
Classificação: a definir
Distribuição: Esfera Filmes

Ficha Técnica do Filme
Direção e roteiro: Maria Schrader
País: ALE/FRA/Áustria
Ano: 2016
Duração: 106min
Título original: VOR VER MORGENRÖTE - STEFAN ZWEIG IN AMERIKA
(Baseado livremente no livro “Morte no Paraíso – a Tragédia de Stefan Zweig” de Alberto Dines)

Elenco: Tómas Lemarquis, Barbara Sukowa, Josef Hader

Género: Drama

Imagem: Divulgação

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