quinta-feira, 2 de março de 2017

São Vicente de Paulo: uma biografia

Imagem: Divulgação

Jornalista e escritora francesa, Marie-Joëlle Guillaume reconstrói a vida do camponês que virou santo e foi umas das figuras religiosas e políticas mais marcantes do século XVII

Contemporâneo das injustiças e horrores da Guerra dos Trinta Anos e das guerras civis francesas, conhecidas como Fronda, São Vicente de Paulo foi a voz dos sem poder e incansável no amparo aos pobres. Um homem que lutava contra a indiferença e a cobiça dos grandes. Sua história, que já foi tema de inúmeros livros, é contada de forma original na biografia escrita pela jornalista e escritora Marie-Joëlle Guillaume. A partir de fontes já conhecidas, mas consideradas sob novos olhares, e também a partir de registros inéditos, “São Vicente de Paulo: uma biografia” apresenta a vida de uma grande figura às voltas com a condição humana de seu tempo.

  Nascido em uma humilde vila camponesa na França, São Vicente de Paulo se tornou padre com apenas 19 anos. Criou diversas confrarias e instituições de caridade, entre elas a “Congregação dos Padres da Missão” e “Filhas da caridade”, que com a parceria de Louise de Marillac despertou o compromisso e a generosidade de mulheres abastadas. Admirado pela corte e alta nobreza, Vicente de Paulo influenciou o reinado de Ana de Áustria e de Luís XIII e foi conselheiro da rainha Margarida de Valois. No livro, Guillaume destaca a ambivalência da atuação do religioso:

“A guerra e paz durante os ministérios de Richilieu e Mazarin, as nomeações episcopais apanhadas entre o martelo das ambições terrestres e a bigorna dos deveres de devoção, as missões distantes nascidas dos elãs de fervor da primeira metade do século, mais tarde a irrupção do jansenismo e o dilaceramento por ele acarretados, a mobilização de mulheres de alto coturno, em todos os níveis da sociedade, para fazer frente às desgraças da época, a invenção de novas estruturas da caridade, tudo isso, que apaixonou o século, recebeu de Vicente de Paulo uma resposta original.”

Sem se afastar da trajetória do biografado, que foi canonizado pela Igreja Católica em 1737, a autora leva os leitores a uma profunda análise do século XVII, com suas paixões e contradições.


Marie-Joëlle Guillaume é jornalista, escritora e política. Foi professora de letras clássicas na universidade de Lomé, no Togo; vice-presidente da Associação dos Colóquios Culturais Europeus (ACCE); e é membro da Academia de Educação e Estudos Sociais (AES), em Paris.

Nenhum comentário:

Postar um comentário