Imagem: Divulgação
Jornalista e escritora francesa, Marie-Joëlle
Guillaume reconstrói a vida do camponês que virou santo e foi umas das figuras
religiosas e políticas mais marcantes do século XVII
Contemporâneo das injustiças e horrores da Guerra
dos Trinta Anos e das guerras civis francesas, conhecidas como Fronda, São
Vicente de Paulo foi a voz dos sem poder e incansável no amparo aos pobres. Um
homem que lutava contra a indiferença e a cobiça dos grandes. Sua história, que
já foi tema de inúmeros livros, é contada de forma original na biografia
escrita pela jornalista e escritora Marie-Joëlle Guillaume. A partir de fontes
já conhecidas, mas consideradas sob novos olhares, e também a partir de
registros inéditos, “São Vicente de Paulo: uma biografia” apresenta a vida
de uma grande figura às voltas com a condição humana de seu tempo.
Nascido em uma humilde vila camponesa na
França, São Vicente de Paulo se tornou padre com apenas 19 anos. Criou diversas
confrarias e instituições de caridade, entre elas a “Congregação dos Padres da
Missão” e “Filhas da caridade”, que com a parceria de Louise de Marillac
despertou o compromisso e a generosidade de mulheres abastadas. Admirado pela
corte e alta nobreza, Vicente de Paulo influenciou o reinado de Ana de Áustria
e de Luís XIII e foi conselheiro da rainha Margarida de Valois. No livro, Guillaume
destaca a ambivalência da atuação do religioso:
“A guerra e paz durante os ministérios de Richilieu
e Mazarin, as nomeações episcopais apanhadas entre o martelo das ambições
terrestres e a bigorna dos deveres de devoção, as missões distantes nascidas
dos elãs de fervor da primeira metade do século, mais tarde a irrupção do
jansenismo e o dilaceramento por ele acarretados, a mobilização de mulheres de
alto coturno, em todos os níveis da sociedade, para fazer frente às desgraças
da época, a invenção de novas estruturas da caridade, tudo isso, que apaixonou
o século, recebeu de Vicente de Paulo uma resposta original.”
Sem se afastar da trajetória do biografado, que foi
canonizado pela Igreja Católica em 1737, a autora leva os leitores a uma
profunda análise do século XVII, com suas paixões e contradições.
Marie-Joëlle Guillaume é jornalista, escritora
e política. Foi professora de letras clássicas na universidade de Lomé, no
Togo; vice-presidente da Associação dos Colóquios Culturais Europeus (ACCE); e
é membro da Academia de Educação e Estudos Sociais (AES), em Paris.
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