Imagens: divulgação
Tratado até há pouco tempo como hobby, o segmento
tem atraído cada vez mais jovens, que têm contribuído para a sua expansão em
todo o país
Aos 25 anos, a
curitibana Thais Francoski deixou de lado a arquitetura para realizar um grande
sonho: trabalhar com artes. A escolha da curitibana, que hoje trabalha em uma
das principais galerias da capital paranaense, é apenas um dos muitos exemplos
de jovens brasileiros que nos últimos anos passaram a encarar o mercado
profissionalmente, seja como artista ou nas diversas funções que atendem as
necessidades do segmento, e não apenas como hobby. Isso se deve,
principalmente, ao aquecimento do mercado das artes no Brasil nos últimos anos.
“Desde a escola, sempre fui apaixonada por história
antiga. Quando entrei na faculdade de Arquitetura, tínhamos uma matéria chamada
‘História da arte e da arquitetura’. Fui me aproximando do segmento e busquei
cursos livres para me aprimorar. Como não existia essa demanda em Curitiba,
apenas cursos universitários, fui para São Paulo fazer um curso sobre o Mercado
de Arte. Amei tudo e acabei envolvida pelo segmento”, conta Thais. Após
concluir a faculdade de Arquitetura, a curitibana atuou alguns meses no
segmento, até ser atraída por uma vaga de trabalho em uma das principais
galerias de Curitiba. Há pouco menos de um ano atuando no mercado, Thais não se
arrepende da escolha e se sente cada vez mais familiarizada. “Foi uma grande
surpresa, pois mesmo querendo, imaginava que o mercado era inatingível. Hoje,
sou coordenadora de produção da SIM Galeria, sendo responsável por eventos que
acontecem aqui, entre eles aberturas e montagens de exposições, cursos e
palestras. Além disso, faço pesquisas e contatos com artistas e curadores, e
sou responsável pela logística nacional e internacional, incluindo importação e
exportação. Sou cada vez mais apaixonada por tudo isso”, detalha a jovem.
Com uma visão moderna e abrangente do mercado,
Thais acredita que nos próximos anos as artes farão cada vez mais parte da vida
dos jovens, principalmente se forem implantados novos conceitos de formação nas
escolas. “Muitas pessoas ainda têm a visão de que obras de arte são itens que
não estão ao alcance de todos. Precisamos desmistificar essa ideia de arte como
artigo de luxo e trazer para o cotidiano das pessoas”, detalha. Para a
curitibana, a cena alternativa, que tem movimentado o mercado, trará ótimos frutos.
“Nos últimos meses, observei várias iniciativas incríveis acontecendo, deixando
claro que o mercado está mudando. A cena independente ganhou muita força,
movimentando o segmento para os jovens artistas e entusiastas”, completa.
Jovens artistas
“O mercado curitibano está em desenvolvimento e
evolução. Tem cada vez mais gente produtiva e talentosa surgindo por aqui.
Pessoas com vontade de fazer a cidade pulsar, fazendo eventos alternativos,
abrindo espaços culturais, criando eventos mesclando artes visuais, poesia,
música e moda. Hoje, a cidade tem artistas visuais fantásticos, como Denise
Roman, Emerson Persona, André Mendes, Rimon Guimarães, Juan Parada e Leandro
Cínico. Curitiba tem um potencial artístico extremamente poderoso”, explica a
jovem artista Sarah Bauer, de 27 anos, que tem se destacado na cidade de
Curitiba com sua pintura autoral.
Sarah Bauer segue o exemplo de uma geração de
curitibanos que encontraram nas demonstrações artísticas uma maneira de se
expressar e aproveitaram as oportunidades no mundo moderno para potencializar
seus talentos. “Comecei a desenvolver uma curiosidade e uma necessidade de me
expressar por volta dos 17 anos. Gostava muito da moda da década de 60 e 70 e
queria usar roupas e acessórios diferentes. Foi então que percebi que eu mesma
poderia fazer o que eu imaginava. Cortava camisetas, fazia uns desenhos em
algumas peças. Passei a desenhar e pintar o que vinha na minha cabeça. Entrei
no curso de Licenciatura em Artes Visuais e ao mesmo tempo fazia aulas de corte
e costura. Na época, eu não sabia direito como poderia transformar esse meu
interesse em profissão, mas resolvi seguir minha intuição e fui contra o
discurso da família de fazer uma faculdade de Direito, Administração, Medicina
ou mesmo concurso público”, conta a artista que possui, também, formação em
Moda e Design Gráfico.
Mercado em expansão e formação
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o mercado de
artes no Brasil movimenta em torno de R$ 50 bilhões anualmente. De acordo com
especialista, nos próximos anos a expansão do setor deve chegar ao expressivo
número de 15% por ano. “Hoje, o segmento é muito mais profissional. Além dos
artistas, obviamente, o segmento movimenta, por exemplo, galeristas, curadores,
vendedores e críticos de arte. Nos últimos anos, várias galerias foram abertas
em Curitiba e em diversas outras regiões do país”, comenta a galerista Zilda
Fraletti, que atua há mais de 30 anos no segmento.
Motivadas pela expansão do mercado e pelo interesse
crescente dos jovens, instituições de ensino passaram a oferecer cursos
especiais, de curta duração, formando profissionais capacitados para atender as
mais variadas necessidades do segmento. Vislumbrando esse cenário, o Centro
Europeu, uma das principais escolas de profissões e idiomas do mundo, resolveu
apostar na formação de novos talentos e lançou, no ano de 2016, o seu curso de
Artes Visuais, além de oferecer diversas outras atividades para esse público
criativo e que busca conhecimento. “Queremos estimular o aluno por meio de
formas contemporâneas de produção artística, desenvolvendo uma visão crítica
por meio da análise e da discussão de trabalhos em sala de aula com orientação
de profissionais qualificados e informações atualizadas sobre as artes visuais.
Contribuímos para a criação de um repertório criativo no setor das artes e nas
diversas áreas do estudo estético, tais como fotografia, arquitetura e design”,
detalha a artista e fotógrafa Tânia Buchmann, supervisora do curso da escola
curitibana.
De acordo com a especialista, o conhecimento
adquirido nas salas de aulas faz com que os jovens tenham todas as ferramentas
necessárias para desenvolver projetos pessoais em escultura, pintura, desenho
ou em qualquer outra linguagem, fazendo com que o mercado se movimente, gerando
novas perspectivas. “Estamos vivenciando uma geração cada vez mais preocupada
em como emitir sua opinião e sentimentos, encontrando nas demonstrações
artísticas uma forma muito interessante e fascinante de se comunicar com o seu
meio. E isso se torna ainda mais especial a partir do momento em que esses
trabalhos passaram a ser valorizados. Ou seja, está sendo criado na cidade de
Curitiba um ciclo muito interessante para artistas e colecionadores de artes,
com o consumo e produção crescendo diariamente”, detalha Tânia.
Para quem busca entrar no mercado, Thais Francoski
dá dicas fundamentais. “A oferta de cursos na área aumentou do último ano para
cá, o que reflete a ascensão do mercado. Isso é fundamental para o
amadurecimento do segmento. Além disso, sugiro que as pessoas fiquem de olho no
que acontece na cidade, frequentem exposições, feiras e eventos, buscando
formas de se aprofundarem ainda mais nesse universo encantador”, completa a
jovem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário